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MELCHIADES FILHO
Lula lá, cá e acolá
BRASÍLIA - O PT não tinha muita
opção. Mas, ao aceitar mansamente
que Lula escolhesse o candidato à
Presidência -e como a aplicada
Dilma aos poucos justifica a inventividade do presidente-, o partido
perde a condição de se contrapor ao
Planalto na definição de outros palanques importantes para 2010.
Lula é quem resolverá o conflito
de interesses entre petistas e os governadores Cid Gomes (PSB-CE),
Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Eduardo Campos (PSB-PE), aliados em
busca da reeleição. Os correligionários Luizianne Lins, prefeita de
Fortaleza, Lindberg Farias, prefeito
de Nova Iguaçu, e João Paulo, ex de
Recife, deverão se conformar com a
disputa pelo Senado.
Caberá ao presidente, também,
sanar as rivalidades e decretar
quais caciques estarão na cédula em
Estados como RS, PR, MS e MT.
Mais importante, Lula cuidará
pessoalmente da montagem da
chapa petista em São Paulo, base do
provável adversário de Dilma.
Antonio Palocci, por ora, é o favorito. Não só porque mantém a estima do presidente, mas também
porque agrada a várias alas do PT.
O ex-ministro, porém, depende
da boa vontade da Justiça. Precisa
ser inocentado do escândalo da
quebra de sigilo bancário do caseiro
-e logo. Além disso, não se sabe se
toparia uma parada que o partido
considera quase perdida para José
Serra (o próprio ou seu candidato).
Uma chancezinha, aqui, de o PT
retomar as rédeas? Improvável.
Se Lula quiser um palanque sólido para Dilma, poderá escalar Marta Suplicy e perseguir votos com a
"dobradinha" de mulheres de fibra.
Se concluir que, em São Paulo,
2010 servirá apenas de trampolim
para 2012 na capital, por que não
indicar ele próprio o "nome novo"
para o salto? (Como, aliás, fez com
Marta, derrotada em 1998 e vitoriosa em 2000.) O PT de raiz torce -e
como torce- para que Lula, depois
de ter imposto uma novata para a
eleição nacional, não venha exigir o
ministro-galã Fernando Haddad
(Educação) em São Paulo.
melchiades.filho@grupofolha.com.br
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