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Editoriais
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Multas e radares
A ARRECADAÇÃO com multas
de trânsito na cidade de
São Paulo aumentou 25%
de 2008 para 2009, passando de
R$ 334,4 milhões para R$ 419,2
milhões. Há quem enxergue aí
um avanço da "indústria das
multas", mais por miopia do que
com base em evidências.
O total de multas subiu ainda
mais, 34%, para 6.254.256 autuações -ou uma por veículo. A
infração mais comum (28%) é a
desobediência ao rodízio municipal, seguida de outra preocupante, por acarretar risco a motoristas, passageiros e pedestres:
excesso de velocidade, com 25%.
Pior, a velocidade foi uma das
causas de multa que mais cresceu, 71%, com 1.538.294 autuações em 2009. Bastou aumentar
o número de radares e lombadas
eletrônicas -hoje são 452 equipamentos em operação- para
dispararem os flagrantes.
O objetivo primordial, no entanto, não é multiplicar multas
nem arrecadação, mas sim educar motoristas e aumentar a segurança no trânsito. Vista desse
ângulo, a punição temida se revela mais eficaz que a aplicada.
A proliferação de radares contribui para estimular o infrator
em potencial a tirar o pé do acelerador. Para isso, é preciso que o
motorista saiba da presença do
aparelho, uma razão a mais para
sinalizá-lo de modo ostensivo
quando a instalação for recente.
O ideal, para a segurança, seria
que o condutor modulasse a velocidade do veículo de maneira
intuitiva, em acordo com o porte,
o tráfego e a incidência de pedestres na via. A sinalização serviria
para orientá-lo. O que se vê em
São Paulo, porém, é uma algaravia de sinais contraditórios.
Avenidas e ruas similares contam com limites disparatados,
quando não com variações
abruptas e arbitrárias da velocidade máxima. Um ambiente nada propício para induzir autodisciplina entre motoristas obrigados a enfrentar dia a dia o trânsito infernal de São Paulo.
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