São Paulo, sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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Editoriais

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Multas e radares

A ARRECADAÇÃO com multas de trânsito na cidade de São Paulo aumentou 25% de 2008 para 2009, passando de R$ 334,4 milhões para R$ 419,2 milhões. Há quem enxergue aí um avanço da "indústria das multas", mais por miopia do que com base em evidências.
O total de multas subiu ainda mais, 34%, para 6.254.256 autuações -ou uma por veículo. A infração mais comum (28%) é a desobediência ao rodízio municipal, seguida de outra preocupante, por acarretar risco a motoristas, passageiros e pedestres: excesso de velocidade, com 25%.
Pior, a velocidade foi uma das causas de multa que mais cresceu, 71%, com 1.538.294 autuações em 2009. Bastou aumentar o número de radares e lombadas eletrônicas -hoje são 452 equipamentos em operação- para dispararem os flagrantes.
O objetivo primordial, no entanto, não é multiplicar multas nem arrecadação, mas sim educar motoristas e aumentar a segurança no trânsito. Vista desse ângulo, a punição temida se revela mais eficaz que a aplicada.
A proliferação de radares contribui para estimular o infrator em potencial a tirar o pé do acelerador. Para isso, é preciso que o motorista saiba da presença do aparelho, uma razão a mais para sinalizá-lo de modo ostensivo quando a instalação for recente.
O ideal, para a segurança, seria que o condutor modulasse a velocidade do veículo de maneira intuitiva, em acordo com o porte, o tráfego e a incidência de pedestres na via. A sinalização serviria para orientá-lo. O que se vê em São Paulo, porém, é uma algaravia de sinais contraditórios.
Avenidas e ruas similares contam com limites disparatados, quando não com variações abruptas e arbitrárias da velocidade máxima. Um ambiente nada propício para induzir autodisciplina entre motoristas obrigados a enfrentar dia a dia o trânsito infernal de São Paulo.


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