São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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Por falar em crédito

A DISCUSSÃO sobre o ritmo e a sustentação do crescimento do crédito ganhou ontem mais subsídios. Os saldos dos empréstimos em fevereiro, divulgados pelo Banco Central, mostram que a velocidade da expansão continua alta -27,9% em 12 meses. Mas nada permite concluir, ainda, que o país marche para uma situação de "exuberância irracional" nesse segmento.
Apesar de o crédito estar aumentando depressa, a percepção sobre as vultosas taxas de expansão precisa ser bem dimensionada, já que a evolução se dá sobre patamares relativamente baixos de concessão de empréstimos.
Em janeiro de 2003, o Brasil amargava um índice pífio de crédito em relação ao PIB, inferior a 22%. Mesmo após cinco anos de alta vigorosa dos empréstimos, a taxa não rompeu os 35%. Economias emergentes funcionam bem com o dobro de crédito; é comum que essa relação exceda 100% nos países ricos.
Os dados do mês passado, ademais, colocam certa dúvida sobre pressupostos utilizados pelo ministro da Fazenda, que cogitou colocar uma trava no financiamento de automóveis. Essa modalidade de crédito cresceu menos, no trimestre encerrado no mês passado, do que a média dos empréstimos em geral.
O setor que começa a liderar a expansão do crédito parece ser outro: o imobiliário. No trimestre findo em fevereiro, o saldo dos empréstimos para a compra da casa própria subiu 23,5% -e duplicou em 12 meses. Se o volume de crédito total na economia brasileira ainda é modesto, o do setor habitacional, mesmo depois de tamanho salto, continua invisível a olho nu: 1,7% do PIB.
Em suma, ainda resta margem para crescimento forte do crédito no Brasil por algum tempo, até porque a inadimplência continua baixa. Medidas pontuais e convencionais para aumentar a segurança das operações serão, obviamente, bem-vindas.


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