|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Por falar em crédito
A DISCUSSÃO sobre o ritmo e
a sustentação do crescimento do crédito ganhou
ontem mais subsídios. Os saldos
dos empréstimos em fevereiro,
divulgados pelo Banco Central,
mostram que a velocidade da expansão continua alta -27,9% em
12 meses. Mas nada permite concluir, ainda, que o país marche
para uma situação de "exuberância irracional" nesse segmento.
Apesar de o crédito estar aumentando depressa, a percepção
sobre as vultosas taxas de expansão precisa ser bem dimensionada, já que a evolução se dá sobre
patamares relativamente baixos
de concessão de empréstimos.
Em janeiro de 2003, o Brasil
amargava um índice pífio de crédito em relação ao PIB, inferior a
22%. Mesmo após cinco anos de
alta vigorosa dos empréstimos, a
taxa não rompeu os 35%. Economias emergentes funcionam
bem com o dobro de crédito; é
comum que essa relação exceda
100% nos países ricos.
Os dados do mês passado, ademais, colocam certa dúvida sobre
pressupostos utilizados pelo ministro da Fazenda, que cogitou
colocar uma trava no financiamento de automóveis. Essa modalidade de crédito cresceu menos, no trimestre encerrado no
mês passado, do que a média dos
empréstimos em geral.
O setor que começa a liderar a
expansão do crédito parece ser
outro: o imobiliário. No trimestre findo em fevereiro, o saldo
dos empréstimos para a compra
da casa própria subiu 23,5% -e
duplicou em 12 meses. Se o volume de crédito total na economia
brasileira ainda é modesto, o do
setor habitacional, mesmo depois de tamanho salto, continua
invisível a olho nu: 1,7% do PIB.
Em suma, ainda resta margem
para crescimento forte do crédito no Brasil por algum tempo, até
porque a inadimplência continua baixa. Medidas pontuais e
convencionais para aumentar a
segurança das operações serão,
obviamente, bem-vindas.
Texto Anterior: Editoriais: MPs corrompem Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Memórias e vergonhas Índice
|