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MELCHIADES FILHO
Fita demo
BRASÍLIA - Quase 130 deputados,
um quarto da Câmara, já trabalham
suas candidaturas a prefeito. O Planalto aproveita a caravana do PAC
para introduzir os nomes de Lula. O
Judiciário se excita, vide as advertências do TSE sobre o uso abusivo
da máquina federal.
Essa movimentação toda, porém,
não significa que a eleição vá seguir
a lógica da política nacional. À medida que 2008 avança, as circunstâncias paroquiais prevalecem.
São elas que forçam o PT a seguidamente adiar uma decisão "macro" sobre as alianças. Que diretriz
poderia justificar ao mesmo tempo
o namoro com Aécio Neves, Orestes
Quércia e Marcelo Crivella?
São elas, também, que explicam a
sutil mudança de perfil do Democratas, partido que, em poucas semanas de campanha, viu evaporar
todo seu referencial brasiliense.
A parceria com o PSDB patina.
Em Recife, de olho no Senado em
2010, os tucanos deixaram na mão o
favorito Mendonça Filho e optaram
por fazer um agrado ao PMDB,
apoiando o azarão Raul Henry. Em
São Paulo, lançaram Geraldo Alckmin, em vez de fortalecer Gilberto
Kassab à reeleição. No Rio, preferiram Fernando Gabeira a Solange
Amaral, cria do prefeito Cesar
Maia. Em Salvador, tomaram a bênção do PT e enfrentarão ACM Neto.
A imagem de genuíno partido de
oposição a Lula pode ter garantido
aos "demos" espaço no "Jornal Nacional", mas será de pouca valia no
corpo-a-corpo deste ano.
As demandas do eleitor municipal são tangíveis e locais. Não dá camisa a ninguém polemizar sobre
medidas provisórias, reforma tributária ou CPI da Tapioca. Que dirá
evocar durante a campanha um adversário popular como nunca.
Aos poucos, o DEM percebe que
precisa modular as críticas, soar
"construtivo", recolher seus quadros mais incendiários, acenar com
novas alianças. A depender do desenho do segundo turno, não estranhe se Cesar Maia acabar no mesmo palanque de Lula.
mfilho@folhasp.com.br
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