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TENDÊNCIAS/DEBATES
A missão comercial argentina
JORGE HENRIQUE TAIANA
Esse tipo de missão é fundamental para aprofundar a integração
com o Brasil, nosso grande parceiro regional
A REALIZAÇÃO de uma importante missão comercial multissetorial argentina aos Estados de São Paulo e Minas Gerais constitui uma ocasião propícia para fazer
algumas reflexões sobre a relação que
une o nosso país ao Brasil.
A missão comercial compõe-se de
um grupo de mais de 90 empresários
representativos dos mais diversos e
dinâmicos setores da nossa atividade
econômica, os quais participarão de
um seminário de promoção de negócios, de um ciclo de rodadas empresariais e da feira Mercosuper (Curitiba).
Todos nós sabemos que a Argentina e o Brasil têm desenvolvido, ao
longo da última década, uma verdadeira parceria estratégica. Associação
que não tem feito mais que responder
às imposições da geografia e da história e que é a principal opção de nosso
país em sua vinculação com o mundo.
Os dois países estão unidos por numerosos projetos em todos os campos -abrangem investimentos mútuos nos setores mais variados, complementação tecnológica e convergência político-econômica.
Sob a ótica econômico-comercial, a
criação de um mercado ampliado em
nível regional permitiu também desenvolver um espaço de competitividade pelo qual as empresas de nossos
países podem ter acesso à economia
global. Tal espaço se fortalece a partir
do peso que lhe outorga sua população, seu caráter de megaprodutor
mundial de alimentos, sua condição
de reserva energética e de fonte de
biodiversidade, temas dotados de importância estratégica capital.
Em razão dessa realidade, a Argentina pretende conquistar na área comercial um acesso maior e melhor ao
mercado brasileiro. Nosso comércio
bilateral já está perto dos US$ 25 bilhões anuais, montante que abrange
amplíssima variedade de produtos.
Porém, devemos continuar trabalhando, pois nossas exportações totais para o Brasil (US$ 10 bilhões) são
apenas pouco mais de 8% das importações brasileiras de todas as origens.
Avaliamos que a Argentina está em
condições de aumentar as suas vendas de maneira significativa, porque
tanto a nossa economia em geral como o nosso aparelho produtivo direcionado para os mercados internacionais estão atravessando um dos períodos de maior desenvolvimento e
modernização de que se tem registro.
Alguns números permitem apreciar melhor essa realidade: nossas exportações dobraram em menos de um
qüinqüênio, chegando a US$ 56 bilhões, com uma crescente participação das manufaturas de origem industrial e das manufaturas de origem
agropecuária, que já respondem por
mais de dois terços das vendas externas.
Em termos de desempenho global
da nossa economia, observa-se um
crescimento pelo sexto ano consecutivo próximo de 9% ao ano, algo sem
precedentes nos últimos cem anos -e
isso em um contexto de estabilidade
monetária e superávit fiscal.
Quero assinalar que, no Ministério
de Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto, os nossos esforços de promoção também estão voltados para apoiar o desempenho das
pequenas e médias empresas do país
e das economias regionais, em um
processo que chamamos de "federalização do comércio exterior".
Um claro exemplo disso é a presença nesta missão do governador da
Província de Buenos Aires, Daniel
Scioli, e do governador da Província
de Chubur, Mario das Neves.
Em relação a nossa política comercial com o Brasil, nossa política atual
consiste em nos dirigirmos da maneira mais específica possível às diversas
regiões do país.
É por essa razão que hoje estamos
na pujante região Sudeste deste
imenso país, do mesmo modo que, em
2006, visitamos com uma missão semelhante o Nordeste brasileiro e que,
há menos de um ano, realizamos um
seminário e um encontro empresarial
bilateral em Buenos Aires com a presença de mais de 50 empresas importadoras brasileiras, as quais tiveram
1.600 reuniões de negócios com empresários argentinos.
Para finalizar, acreditamos que esse tipo de missão é fundamental para
aprofundar a integração com o Brasil,
nosso grande parceiro regional. Em
um mundo cada vez mais globalizado,
é essencial trabalhar na complementaridade das duas economias para desenhar um espaço de competitividade
que permita a nossas empresas um
maior e melhor acesso à economia
global.
JORGE HENRIQUE TAIANA, 57, formado em sociologia, é
o ministro de Relações Exteriores, Comércio Internacional
e Culto da Argentina. Foi secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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