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Lixo eletrônico
Recordista na geração de sucata de computadores, país precisa acelerar aprovação de leis que regulem seu descarte
MEIO QUILO por habitante ao ano -esta
é a quantidade estimada de lixo eletrônico gerado no Brasil. A cifra, baseada apenas no consumo e descarte de computadores pessoais,
surge em relatório do Programa
das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma) que compara
a geração desses resíduos em 11
países emergentes.
Pelos cálculos do órgão da
ONU, somos campeões em sucata de informática -à frente até
dos gigantes China e Índia.
Como quase toda estimativa
do gênero, essa também se baseia em projeções sujeitas a debate. Não existe dado oficial sobre quantos computadores, aparelhos de TV ou DVD e videogames vão para o lixo no Brasil.
Nem, muito menos, sobre que
parcela seria descartada de modo adequado.
As peças maiores dos equipamentos eletrônicos são de plástico, uma família de substâncias
para as quais há um sistema razoável de coleta e reciclagem, ao
menos nas grandes cidades brasileiras. Neste caso, porém, o diabo se oculta nos detalhes. Vale
dizer, nos componentes eletrônicos, como placas e circuitos.
Apesar de modestos em peso e
volume, eles contêm metais tóxicos, como chumbo, mercúrio,
cádmio, níquel e berílio. Se não
forem reaproveitados corretamente, podem acumular-se no
solo, alcançando lençóis freáticos. Por meio da água, há o risco
de se concentrarem aos poucos
no organismo humano.
Em países mais ricos, adota-se
a chamada logística reversa. Em
poucas palavras, fabricantes e revendedores são obrigados a receber de volta os equipamentos e
cuidar de sua reciclagem.
Ao assumir esse custo, impedindo que seja compartilhado na
forma perversa de contaminação
de bens de uso público, como a
água, os participantes da cadeia
produtiva ganham um incentivo
para racionalizar o emprego de
componentes tóxicos.
O ônus adicional acabará por
refletir-se no preço final dos produtos, fazendo com que os consumidores também arquem com
o preço da deposição do bem adquirido -de acordo com o princípio do poluidor-pagador.
No Brasil, a logística reversa já
vale para pilhas e baterias, fontes
notórias de metais pesados. O
método está previsto também
para o lixo eletrônico na Política
Nacional de Resíduos Sólidos. A
legislação, aprovada na Câmara,
aguarda deliberação do Senado e
sanção presidencial.
À taxa estimada de 96,8 mil toneladas por ano de resíduos gerados só por computadores, às
quais se somam outras 156,4 mil
t/ano de impressoras, TVs e celulares, manda a prudência que
os parlamentares se apressem.
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