São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Negociação das teles
"A Folha traz excelente reportagem sobre o interesse das empresas de telefonia local em comprar a Embratel ("Teles querem Embratel para cobrar pelo teto", Dinheiro, pág. B1, edição de ontem). Diz o texto que a polícia encontrou na mesa de um executivo de uma dessas empresas documento onde consta que elas lucrariam cerca de R$ 750 milhões se eliminassem a concorrência da Embratel. Cabe a nós, consumidores, protestar se a concorrência for suprimida."
Luiz Leitão da Cunha (São Paulo, SP)

Minas e tanques
"A imprensa noticia freqüentemente a apreensão de armamento de utilização exclusiva das Forças Armadas em poder de bandidos. Por que a surpresa, então, com o descobrimento de minas terrestres com marginais cariocas? Aparentemente, o fornecedor apenas ampliou o seu "mix" de produtos. Quem sabe, brevemente, não vejamos um tanque pelas ruas do Rio de Janeiro?"
Márcio Fonseca (São Paulo, SP)

Valorização do professor
"Pais de alunos de escolas da rede pública deverão avaliar no final deste semestre a qualidade do ensino básico a que seus filhos têm acesso. Essa medida faz parte, entre outras, de um "pacote" a ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de tentar melhorar a qualidade do ensino fundamental e médio no país. O que realmente é necessário é que os pais cobrem dos governantes uma política salarial de valorização dos profissionais. O piso salarial do professor de educação básica da rede de ensino estadual da unidade mais rica e progressista do Brasil, com formação específica de nível superior, não chega a R$ 800. Isso é ridículo. O exercício do magistério está transformado em subemprego. Comparem o padrão de qualidade e o prestígio do professor da década de 1970 para trás com a situação atual."
Rodolpho Pereira Lima (Bauru, SP)

Bibliotecas em escolas
"O Sindicato dos Bibliotecários não poderia deixar de se manifestar acerca da carta de Maria Emília Galvão de Almeida Alves ("Painel do Leitor", pág. A3, 20/4), que se refere à abertura de bibliotecas das escolas públicas todos os dias e com "profissionais preparados". Concordamos integralmente e acrescentamos o seguinte: é necessário que o governo estadual implante, em cada escola pública, uma biblioteca e abra concurso para que nela seja colocado o profissional adequado, o bibliotecário. É praticamente certo que os profissionais a que se referiu a ilustre leitora não sejam bibliotecários, e sim professores remanejados, que, por motivo de saúde ou outros, não podem mais atuar em salas de aula. A Secretaria da Educação os encosta nas pseudobibliotecas, que não passam de salas inadequadas com livros desatualizados, desestimulando qualquer jovem a se tornar um leitor."
Vera Stefanov, presidente do Sindicato dos Bibliotecários no Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Cobertura indígena
"O que quer a Folha quando tenta a todo custo criminalizar um povo indígena, sem buscar com o mesmo afinco conhecer a história de massacres e invasões que os índios vêm sofrendo? Por que não investiga os inúmeros assassinatos e massacres passados e recentes contra os povos indígenas? Só em 2003, foram assassinadas pelo menos 30 lideranças na luta pelo direito constitucional a suas terras. Todos esses crimes continuam na impunidade, e nenhum fazendeiro invasor e demais mandantes foram punidos. Para maior tristeza, percebo uma nova onda de criminalização dos povos indígenas, dos sem-terra e dos movimentos populares, por reivindicarem justiça."
Jorge Tarachuque (São Paulo, SP)

Adeus ao jornal
"Sou assinante da Folha há 20 anos, desde a campanha das diretas. Com todas as dificuldades de entrega, sem acompanhar meu noticiário local (moro no Rio). Mas valia a pena. Tinha um jornal que, além de informativo, era crítico e construtivo, sempre aberto a propostas diversas. Ninguém poderia dizer que o jornal não era pluralista. Mas os tempos mudaram. Hoje, o jornal vem se caracterizando por não só adotar uma atitude virulenta contra o atual governo mas também por só ter, entre seus articulistas, críticos ferozes. Comecei a parar de ler. Em vários dias, passei a comprar outros jornais para complementar a informação. Já estava para tomar a decisão de cancelar minha assinatura, mas vinha adiando. Ao ler artigo em que Lula foi criticado por "gafes", não deu mais. Adeus, Folha. Na hora em que, pela primeira vez, um presidente da República inaugura uma Bienal do Livro e que leva a discussão da importância da leitura na formação dos jovens, a Folha só consegue ver "gafes". O que não dá mais é continuar lendo a Folha com sua opção política."
Bernardo Furrer (Rio de Janeiro, RJ)

Opção pela pobreza
"Que todos os leitores reflitam sobre as palavras de Janio de Freitas ("A fábrica de Lula", Brasil, pág. A5, edição de ontem): "O governo Lula deliberou, porém, fabricar mais pobreza, mais violência, mais agitação, mais deterioração do país (...). É o que está escrito no reverso da contabilidade que registra a recusa a aplicar, contra as carências, a montanha de recursos que são R$ 6 bilhões disponíveis.' Traduzindo em números, se Lula decidisse cumprir sua promessa de criar 10 milhões de empregos, deveria abrir, de hoje até o final do mandato, uma nova Petrobrás a cada três dias. É um acinte à inteligência nacional."
Décio Luiz Gazzoni (Londrina, PR)

Palavra do presidente
"Passados 16 meses de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se dignou a conceder uma entrevista aberta e pública à imprensa brasileira e internacional. Prefere conversas amenas com jornalistas na privacidade de seu palácio. A recente "entrevista" que concedeu ao animador de auditórios Carlos Massa, o Ratinho, durante várias horas, revela o compromisso republicano do governante. O que os sofisticados acadêmicos e intelectuais do PT têm a dizer sobre a opção preferencial que sua liderança maior revela pelo sr. Ratinho, um arraigado populista de direita?"
Márcia Capovilla (Rio de Janeiro, RJ)

Flores e estrelas
"É impossível que o leitor Ary Braz Luna ("Painel do Leitor", edição de anteontem", pág. A3) não veja importância em atos como retirar canteiros caríssimos para plantar sálvias com formato petista no Palácio do Planalto. Talvez não saiba que pagamos impostos sobre tudo. Talvez não saiba que o social caminha para um beco de lama por causa da economia."
Modesta Trindade Theodoro (Belo Horizonte, MG)

PT irreconhecível
"Que PT é esse que produz o maior superávit das contas públicas do Brasil à custa do desemprego recorde e do desenvolvimento zero? Que PT é esse que expulsa seus filiados por defenderem bandeiras históricas do partido? Que PT é esse que loteia o governo para obter maioria no Congresso? Que PT é esse? Ou esse não é mais o PT?"
Jan Luiz Parellada (Assis, SP)

Versão da Bíblia
"A idéia de haver uma Bíblia para índios ("500 anos depois, os guaranis mbyás ganham sua Bíblia", Brasil, pág. A8, edição de ontem) revela um ponto para reflexão. A partir de qual versão da Bíblia foi feita a tradução? Com certeza, não foi a partir da Bíblia original, na qual há várias referências à reencarnação, suprimidas pelo imperador romano Constantino. Praticamente todas as cosmologias indígenas são reencarnacionistas. Talvez uma tradução realizada a partir da Bíblia original mostrasse aos índios que eles estão muito mais pertos da "verdade" do que aqueles que a adulteraram por motivos religiosos."
Adilson Sanches Marques (São Carlos, SP)

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