São Paulo, segunda, 26 de maio de 1997.



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COMPETÊNCIA TECNOLÓGICA

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que basicamente financia com eficácia a ciência no setor público, pretende agora ultrapassar os muros da academia e contribuir para a criação de um sistema de inovação tecnológica no Brasil. Essa transformação, induzida pela ampliação dos recursos à disposição da Fapesp de 0,5% para 1% da arrecadação de impostos do Estado de São Paulo, são os seus programas de apoio a parcerias entre empresas e centros de pesquisa, em especial o mais recente, que concentra o foco nas pequenas empresas.
O esforço da Fapesp é uma exceção na história de intervenções desastradas do Estado na economia brasileira. A rigor, aliás, não se trata de intervenção, mas de indução. Como ressalta a direção da instituição, não se trata de substituir o investimento privado, mas de fomentar a parceria entre empresas e pesquisadores.
"Entrar no Primeiro Mundo" é um dos mitos mais fortes nos países em desenvolvimento. Aliás, a própria expressão "em desenvolvimento", em vez de países "atrasados" ou do clássico "subdesenvolvidos", já é um hábito adquirido ao longo de vários anos em que se foi consagrando a idéia do "catch up" (alcançar os países industrializados). Entre os poucos consensos recentes, entretanto, está a tese de que é possível superar o atraso com investimentos intensivos em educação e tecnologia, acumulando o que se vem chamando de "capital humano".
Na economia do conhecimento, essência da globalização, esse é o tipo de capital mais caro, mas é o que tem as mais altas taxas de retorno.
Uma política tecnológica, como a da Fapesp, não envolve subsídios nem protecionismo. É o sistema produtivo que se torna mais competitivo e a sociedade, mais capacitada.



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