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CLÓVIS ROSSI
De joelhos
SÃO PAULO - A descrição perfeita do que são o "new PT" e o governo Lula
foi feita pelo seu aliado incondicional
Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, mais conhecido como
um dos líderes da tropa de choque de
Fernando Collor de Mello, único presidente afastado do cargo por falta de
decoro.
"Eles faltaram se ajoelhar para pedir a retirada das assinaturas", contou sobre encontro com os ministros
José Dirceu e Aldo Rebelo.
Todo mundo conhece a biografia
de Jefferson. Todo o mundo sabe o
que é o PTB. É, para citar apenas o
exemplo mais recente, o partido cuja
Executiva recebe sem constrangimento algum Antonio Osório Batista, acusado de envolvimento no esquema de corrupção flagrado pela
revista "Veja". Recebe-o, aliás, no
mesmo dia em que o governo se ajoelhava diante de Jefferson.
Quem se ajoelha diante dessa gente
fica menor ainda do que ela. Já não
dá mais para dizer que o PT virou farinha do mesmo saco na comparação
com os outros partidos. Alguns destes
ganharam o direito de ofender-se
com a comparação, ao contrário do
que acontecia até a vitória eleitoral
de Lula, época em que o PT é que ficava louco da vida quando era comparado aos outros partidos.
O fato óbvio é o seguinte: a política
brasileira apodreceu. Resta apenas o
dilema Tostines, de resto irrelevante:
foi o jogo de poder que apodreceu
também o PT ou o PT é que ajudou a
apodrecer mais o jogo de poder?
Da imensidão da podridão dá testemunho a frase do líder da oposição
na Câmara, José Carlos Aleluia
(PFL-BA), ao pedir responsabilidade
na investigação da venda das elétricas: "Ninguém quer investir onde a
água está turva".
Num país sério, gente séria diria o
contrário: onde "a água está turva",
aí é que se deve investigar, sim, senhor. E com vigor. Mas estamos no
Brasil, país onde está tudo dominado.
@ - crossi@uol.com.br
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