São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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CLÓVIS ROSSI

De joelhos

SÃO PAULO - A descrição perfeita do que são o "new PT" e o governo Lula foi feita pelo seu aliado incondicional Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, mais conhecido como um dos líderes da tropa de choque de Fernando Collor de Mello, único presidente afastado do cargo por falta de decoro.
"Eles faltaram se ajoelhar para pedir a retirada das assinaturas", contou sobre encontro com os ministros José Dirceu e Aldo Rebelo.
Todo mundo conhece a biografia de Jefferson. Todo o mundo sabe o que é o PTB. É, para citar apenas o exemplo mais recente, o partido cuja Executiva recebe sem constrangimento algum Antonio Osório Batista, acusado de envolvimento no esquema de corrupção flagrado pela revista "Veja". Recebe-o, aliás, no mesmo dia em que o governo se ajoelhava diante de Jefferson.
Quem se ajoelha diante dessa gente fica menor ainda do que ela. Já não dá mais para dizer que o PT virou farinha do mesmo saco na comparação com os outros partidos. Alguns destes ganharam o direito de ofender-se com a comparação, ao contrário do que acontecia até a vitória eleitoral de Lula, época em que o PT é que ficava louco da vida quando era comparado aos outros partidos.
O fato óbvio é o seguinte: a política brasileira apodreceu. Resta apenas o dilema Tostines, de resto irrelevante: foi o jogo de poder que apodreceu também o PT ou o PT é que ajudou a apodrecer mais o jogo de poder?
Da imensidão da podridão dá testemunho a frase do líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), ao pedir responsabilidade na investigação da venda das elétricas: "Ninguém quer investir onde a água está turva".
Num país sério, gente séria diria o contrário: onde "a água está turva", aí é que se deve investigar, sim, senhor. E com vigor. Mas estamos no Brasil, país onde está tudo dominado.

@ - crossi@uol.com.br


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