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RUY CASTRO
Carros sinistros
RIO DE JANEIRO - Na noite de
quarta-feira, véspera de feriado e
com estrada cheia, uma mulher de
58 anos dirigiu por oito quilômetros na contramão da rodovia dos
Imigrantes, apavorando e obrigando centenas de motoristas a se desviar dela. Só parou no posto da polícia. Parecia embriagada.
No Rio, há uma semana, uma mulher estacionou seu carro em frente
a uma clínica nas Laranjeiras. Ao
subir na calçada (desatenta, de ré e
em alta velocidade, segundo uma
testemunha), atingiu um médico de
61 anos, que chegava para o trabalho. Pensando "que se tratava de
um obstáculo", imprensou-o contra
a fachada e provocou-lhe fraturas
no crânio e por todo o corpo. O médico morreu em minutos.
Dois dias antes, no Jabaquara, zona sul de São Paulo, um mecânico
de 18 anos acelerou seu carro e jogou-o contra um grupo de jovens
num estacionamento, ferindo 23.
Vários foram internados com fraturas nos hospitais da região. O agressor alegou que temia ser linchado
por eles, que teriam assediado sua
namorada numa festa de que todos
participavam.
Estes são apenas três casos de
grande violência nos últimos dias
envolvendo carros. Em todos, o motorista estava estressado, alterado,
descontrolado ou coisa pior. O normal seria pensar que o carro nas
mãos dessas pessoas tornou-se
uma arma, não? Mas, e se forem os
carros que, como num filme B de
"science-fiction" dos anos 50, estiverem ficando autônomos e fazendo do homem uma arma contra
seus semelhantes?
Ou, então, os carros podem também já estar agindo por conta própria. Outro dia, em São José dos
Campos, uma infeliz dona de casa,
de 49 anos, estacionou seu Gol na
garagem e desceu para fechar o portão. O bicho se soltou e avançou sozinho sobre ela, matando-a. Calma,
é "science-fiction", e classe B.
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