São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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MENSAGEM DO BC

A ata relativa à reunião deste mês do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) dirimiu algumas incertezas a respeito do comportamento da autoridade monetária diante das recentes pressões inflacionárias. Quanto à meta fixada para este ano, o Copom constatou o que se sabia: as projeções indicam que o índice de preços ao consumidor irá superar os 5,5% estabelecidos. O BC indicou que acomodará a alta na margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais, afirmando que "a flexibilidade inerente ao sistema poderá absorver de maneira judiciosa" as pressões existentes.
Considerando que os efeitos de "choques transitórios" de preços tendem a se concentrar no curto prazo, o Copom estará mais atento à trajetória inflacionária nos próximos 12 meses, descartando a possibilidade de elevar os juros para tentar reduzir a inflação no ano-calendário de 2004, que se encerra em dezembro.
Não parece haver dúvida, porém, de que está afastada a hipótese de corte da taxa básica em julho. E não é improvável que o mesmo se repita em agosto. A depender do comportamento da inflação projetada em 12 meses, a Selic poderia até mesmo ser mantida em 16% por mais tempo.
Com isso, a ata visa a conter expectativas que se formavam no mercado a respeito da inflação e dos juros futuros, que vinham subindo.
As explicações e os sinais emitidos pelo Copom parecem coerentes com os propósitos da autoridade monetária dentro dos parâmetros vigentes. Podem ser interpretados como uma espécie de "basta" dirigido aos que apostavam num comportamento mais permissivo do BC.
Não obstante o papel de organizador de expectativas, que deve ser desempenhado pela autoridade monetária, o debate acerca da meta de 2005 não está encerrado. Há indícios consideráveis de que perseguir uma inflação de 4,5% no ano que vem poderá exigir sacrifícios indesejáveis, afetando de forma negativa a produção e o emprego e gerando efeitos danosos sobre a recuperação ainda lenta da atividade econômica doméstica.


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