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OS NÚMEROS DA DROGA
Os usuários de drogas ilícitas
já somam 185 milhões em todo o mundo, segundo o relatório
quadrienal sobre a utilização de entorpecentes divulgado ontem pelo
Escritório das Nações Unidas contra
Drogas e Crime. Isso significa que
pouco menos de três de cada cem habitantes do planeta consomem substâncias consideradas ilegais.
Os números indicam que a epidemia de abuso de entorpecentes ocorrida ao longo do último meio século
permanece relativamente contida,
sobretudo se comparada à de drogas
legais. A título de exemplo, a prevalência anual do uso de tabaco está em
torno dos 30%. Em termos gerais, o
relatório observa um forte crescimento no consumo de canabinóides
(maconha, haxixe). Depois da Cannabis, os maiores aumentos estimados
foram o de drogas pertencentes à família das anfetaminas, que inclui o
ecstasy, seguido do de substâncias
provenientes da coca (cocaína,
crack) e do ópio (morfina, heroína).
O Escritório das Nações Unidas
contra Drogas e Crime, que é uma
agência de tendência conservadora,
ainda aposta na possibilidade de eliminação do abuso de drogas ilícitas,
posição que vem sendo cada vez
mais contestada por especialistas.
Uma das alternativas ao combate por
meio da repressão seriam as políticas
de "redução de danos", que consideram o usuário como caso de saúde
pública e não de polícia. Outra alternativa, mais drástica, é a perspectiva
de legalização -defendida, em tese,
até por economistas ligados ao liberalismo ortodoxo norte-americano.
É evidente que as drogas não podem ser legalizadas da noite para o
dia. Não é preciso ser "expert" em
epidemiologia para perceber que, se
o número de usuários de substâncias
ilícitas fosse multiplicado por dez (a
diferença dos 3% para os 30% do tabaco), teríamos um gravíssimo problema de saúde pública.
Constatar essa obviedade não deve
nos impedir de ver que apenas reprimir o tráfico e o usuário é uma estratégia que vem se mostrando pouco
eficiente no combate ao comércio
ilegal e ao consumo de drogas.
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