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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
As células-tronco
a serviço da vida
São notáveis e promissores os
avanços da biotecnologia. Devemos, certamente, alegrar-nos com os
resultados das pesquisas que conseguem utilizar células-tronco para refazer tecidos degenerados e para outras
aplicações. Essas descobertas têm permitido tratar com novas terapias áreas
do coração afetadas por derrame, regiões atingidas pelo câncer e também
doenças como o mal de Alzheimer e
de Parkinson.
É preciso somar esforços para atender sempre melhor os que sofrem
doenças degenerativas e os portadores
de necessidades especiais.
O progresso no campo da biogenética merece todo incentivo e suscita,
também, preocupações de cunho ético referentes à obtenção das células-tronco. Essas células são extraídas do
cordão umbilical, da medula óssea e
de outros tecidos, conforme recentes
pesquisas.
Coloca-se, no entanto, a questão ética quanto à consecução dessas células-tronco a partir de embriões humanos, uma vez que, no ato de extração,
os embriões são destruídos.
Prepara-se no Brasil a legislação sobre essa matéria e já se encontra no Senado, em fase de discussão final e votação, o Projeto de Biossegurança, que
inclui temas de bioética (PL nº 2401-ª
2003).
Diante desse fato e da importância
da questão, os bispos católicos do
Conselho Permanente da CNBB, reunidos em Brasília de 22 a 25 de junho
de 2004, escreveram carta aos membros do Senado. Manifestam apoio e
encorajamento às pesquisas científicas de tanto proveito para a medicina,
mas insistem também na séria reflexão e discernimento ético sobre o uso
terapêutico dos embriões humanos.
Na carta, os bispos ponderam que,
sem dúvida, é preciso continuar os experimentos utilizando células-tronco
e descobrindo novas fontes para obtê-los sem recorrer, no entanto, aos embriões humanos.
Com efeito, a vida humana, que é
fim em si mesma, deve ser respeitada
sempre, desde a sua concepção até o
seu término. Não é lícito e nenhuma
razão pode justificar que se sacrifique
uma vida humana já presente no embrião em benefício de outra.
Compreende-se, pois, que seja necessário rejeitar, com firmeza, a produção de embriões e a utilização dos já
existentes, tanto para pesquisas quanto para a eventual produção de tecidos
e órgãos. Graças aos esforços da ciência, há outras formas para obter as
preciosas células-tronco.
Os bispos renovam a confiança no
discernimento dos membros do Senado e solicitam que não cedam a pressões de grupos econômicos.
Em matéria tão complexa e de graves conseqüências, sem pressa, dediquem todo o tempo necessário à elaboração da lei de modo a respeitar e a
promover o valor supremo da vida
humana, dom de Deus.
A sabedoria do legislador está em
manter sempre a harmonia entre o
progresso da pesquisa científica e a
verdade e segurança dos princípios
éticos.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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