São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Mínimo
"O governo Lula empenhou-se com denodo para aprovar na Câmara dos Deputados o salário mínimo de R$ 260. A mobilização, que envolveu conversas dos governistas para obter a maioria dos votos dos deputados e liberação de verbas aos deputados, expõe e desnuda o caráter do governo do presidente Lula, que acha melhor entregar dinheiro aos deputados do que aos necessitados. É uma questão de escolha."
Jackson Vitoriano de Ulhoa (Rio de Janeiro, RJ)

 

"Se já não fosse bastante conhecida a verve do cartunista Angeli, a sua tirada em charge publicada em 25/6 extrapola a própria criatividade artística ao aventar, em traço sarcástico e mordaz, a possibilidade de evaporação do minguado salário mínimo. Enquanto os políticos profissionais que o aprovaram se regozijam com a vitória, o cada vez mais sofrido povo brasileiro se torna apenas um detalhe episódico no vexame."
Ayres Pereira Filho (Campinas, SP)

 

"Clóvis Rossi, ao denunciar as incongruências dos discursos do presidente da República e do ministro do Trabalho acerca do valor do mínimo (Opinião, 25/6), concluindo que um deles, pelo menos, está mentindo, deixa sem resposta o principal: o que prende, então, o salário mínimo a níveis tão baixos? Se não são as contas da Previdência, há de ser alguma outra coisa, pois não posso supor que o governo odeie tanto a si mesmo que queira amargar mais esse desgaste. Qual a razão, portanto, para a insistência do governo (petista!) de impedir o aumento do mínimo? Enquanto essa questão não for esclarecida, a discussão não será séria."
Leonardo Valles Bento (Florianópolis, SC)

 

"Ficam cada vez mais evidentes as preocupações do governo petista. A fome avassaladora por receitas passa por cima dos problemas da população. Para aumentar o superávit primário, o governo foi obrigado, nos últimos anos, a aumentar a arrecadação de impostos e a promover maiores cortes no Orçamento. Essas medidas, entre outras, contribuíram para o pequeno crescimento da economia brasileira e trouxeram aumento de desemprego e queda na renda. Agora foi o valor mínimo. Foi sorte de Lula ele não ter precisado usar, como ele mesmo disse, "a caneta aqui"."
Ricardo Morais Tonin (São Paulo, SP)

Superávit
"Superávit de quase 6%! E quantas firmas quebradas? Quantos hospitais parados? Quantas escolas sem professor? Quantas crianças morrendo de doenças devido à falta de saneamento básico? Quantos mortos em acidentes em estradas esburacadas? E quantas Mercedes e Pajeros blindadas serão compradas com os juros auferidos pelos detentores de títulos públicos?"
Oscar Bergerman (Cotia, SP)

Reforma universitária
"Diferentemente do que publicou a Folha em 24/6 ("500 estudantes fazem protesto em audiência do MEC em Manaus", Cotidiano), nenhum estudante ficou ferido no tumulto provocado por um grupo que obrigou o Ministério da Educação a suspender, por algumas horas, a realização da primeira audiência pública regional da reforma universitária em Manaus. A audiência foi suspensa e transferida para outro local. No tumulto, os manifestantes danificaram vários equipamentos utilizados no evento. O Ministério da Educação lamenta profundamente que a região Norte do país, que já contava com cerca de 300 representantes da comunidade acadêmica e da sociedade inscritos no evento, tenha sido privada parcialmente de debater o futuro da educação superior. Estudantes, professores e pesquisadores que participaram do evento à tarde são unânimes em afirmar que há mais de uma década o MEC não promovia nos Estados da região eventos desse tipo. O Ministério da Educação continuará o debate para encaminhar, até novembro, o projeto da Lei Orgânica do Ensino Superior ao Congresso Nacional. O incidente provocado impede que as propostas reais sobre a universidade sejam discutidas. O MEC está comprometido com a universidade pública e gratuita e com a expansão do ensino superior no Brasil. Infelizmente, a reportagem da Folha, ao publicar que dez estudantes ficaram feridos, transforma agressores em vítimas. A atitude do Ministério da Educação durante o episódio foi manter a calma e garantir a segurança de todos. A repórter que assina a reportagem não esteve nem pela manhã nem à tarde nos locais dos eventos."
Vera Flores, coordenadora de Comunicação do Ministério da Educação (Brasília, DF)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Parque
"O decreto-lei assinado pelo governo federal que amplia a área do Parque Nacional Grande Sertão Veredas (Dinheiro, 22/6) não é viável, pois a ampliação vai abranger uma área ocupada com cultivos agrícolas, e não uma área de vegetação nativa, que é o ideal para um parque nacional. Mesmo após a ampliação da área, a regeneração natural vai formar uma vegetação secundária, com baixa biodiversidade. Em segundo lugar, essa medida vai criar um enorme transtorno para os agricultores que residem no local -isso sem falar do isolamento de parte do Estado da Bahia entre o parque e os Estados de Minas Gerais e de Goiás. O que o governo pode fazer é exigir dos fazendeiros do entorno do parque a criação de áreas de reserva legal e a preservação da vegetação ao longo dos cursos de água. Em vez de ampliar esse parque, o governo deveria fiscalizar melhor o desmatamento na Amazônia Legal, pois essa é uma área que está ameaçada pelo avanço da fronteira agrícola e corre o risco de ser destruída, assim como ocorreu com a mata atlântica e com o cerrado."
Enio Rodovalho dos Santos (Uberlândia, MG)

Jumentos
"Ao ler a reportagem "ONG quer dar novo uso a jumentos rejeitados no RN" (Cotidiano, pág C5, 23/6), podemos notar que se trata de uma iniciativa de pessoas que não estão preocupadas apenas com o retorno financeiro que os jumentos poderão oferecer pela venda de sua carne. Preocupam-se em explorar suas atividades sem precisar maltratar esses animais. Como médica veterinária e defensora assídua da natureza, gostaria de aliar-me a esse projeto para tentar conscientizar pelo menos uma parte da população brasileira sobre o prazer de ajudar o próximo, seja ele um animal racional ou irracional."
Aline Zampar Silva (Guaxupé, MG)

Greve
"Os funcionários e docentes das universidades públicas estaduais (USP, Unicamp e Unesp) estão em greve. Um dos fatores que têm impedido reajustes salariais é o fato de que, desde a implementação da autonomia universitária, as universidades paulistas ficaram encarregadas de pagar as aposentadorias de seus funcionários. Para agravar ainda mais a situação, recentemente o governo estadual passou a descontar 5% dos vencimentos de docentes e funcionários para financiamento da previdência estadual. Mas o pagamento das aposentadorias dessas categorias é efetuado com base nos orçamentos dessas instituições, e não no orçamento do governo estadual. Por isso a solução para a greve infelizmente não pode ser resolvida somente dentro das universidades paulistas."
Luis E. S. Netto (São Paulo, SP)


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