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CLÓVIS ROSSI
Quebraram. Mas ganharam
BASILEIA - Lembra-se dos velhos
tempos em que os bancos quebraram, os governos do mundo correram para socorrê-los com uma catarata de dinheiro e dez de cada dez
analistas diziam que nunca mais o
sistema financeiro seria o mesmo?
Se você se lembra, melhor esquecer. Está tudo começando a voltar
ao que era antes, do que dão eloquente testemunho textos de anteontem no "Financial Times" e de
ontem no "Guardian".
"A comunidade financeira de
Londres está sacudindo a poeira e
voltando ao negócio de fazer dinheiro", diz o "Guardian".
Tanto que, nos escritórios da
Goldman Sachs, o pessoal já foi avisado para esperar um dos anos mais
lucrativos de todos os tempos.
O Barclays, só neste mês, está pagando algo em torno de 730 milhões
(R$ 2,4 bilhões) em bônus para cerca de 410 empregados.
O "Financial Times" vai na mesma direção: "Investidores e grupos
de serviços profissionais britânicos
se dizem preocupados com a possibilidade de que mercados de ações
bombando permitirão à City londrina contornar as consequências
da crise financeira global sem fazer
mudanças fundamentais".
Enquanto isso, em "O Globo", lia-se que "a indústria financeira dos
países desenvolvidos recebeu em
um ano quase dez vezes mais recursos do que todos os países pobres
em quase meio século, segundo
análise feita por especialistas da
Campanha da ONU sobre as Metas
do Milênio". Em números: US$ 2
trilhões em 49 anos para os pobres,
US$ 18 trilhões nos 12 meses mais
recentes para os bancos.
Ah, ainda tem a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) avisando
que, com magro 1% da catarata de
dinheiro alocada para o sistema financeiro, daria para alimentar todos os famintos do mundo.
Os "brancos de olhos azuis" ganharam de novo.
crossi@uol.com.br
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