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Impasse chinês
RECENTEMENTE A China
anunciou crescimento econômico equivalente a 7,9%
ao ano no segundo trimestre de
2009. Ainda que inferior aos cerca de 10% registrados no ano
passado, o resultado supera o do
primeiro trimestre, de 6,1%.
Apesar da melhora, o modelo
econômico chinês vive hoje um
impasse. A expansão do país nos
últimos anos se baseou no acúmulo de superávits comerciais
(especialmente na relação com
os EUA) e nos investimentos em
infraestrutura e ampliação da capacidade produtiva -esta voltada, em grande parte, justamente
para a exportação.
O problema é que a economia
dos EUA não mais terá condições de sustentar o ritmo de
compra de produtos chineses do
passado. E esse é o principal desafio -como compensar essa
perda de consumo num quadro
de recessão global. O crescimento recente da China foi impulsionado por investimentos em infraestrutura e pelo crédito para
aquisição de imóveis, situações
que devem ter reflexos positivos
no mercado de trabalho.
Embora isso ajude a alimentar
o consumo interno, a mudança
de rumos da economia chinesa
exige do mercado doméstico um
grau de pujança que não parece
compatível com o perfil conservador da população na hora de
gastar sua renda excedente. Esse
traço cauteloso é acentuado pelas deficiências da previdência e
da rede de saúde.
A solução do impasse afetará
diretamente a economia brasileira. Até aqui o comércio exterior do Brasil se beneficiou da
demanda exercida pelos EUA e
pela máquina exportadora chinesa. A médio prazo, num eventual cenário de crescimento do
consumo interno chinês, as exportações do Brasil serão forçadas a se adaptar ao novo perfil da
demanda daquele mercado.
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