São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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Editoriais

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Impasse chinês

RECENTEMENTE A China anunciou crescimento econômico equivalente a 7,9% ao ano no segundo trimestre de 2009. Ainda que inferior aos cerca de 10% registrados no ano passado, o resultado supera o do primeiro trimestre, de 6,1%.
Apesar da melhora, o modelo econômico chinês vive hoje um impasse. A expansão do país nos últimos anos se baseou no acúmulo de superávits comerciais (especialmente na relação com os EUA) e nos investimentos em infraestrutura e ampliação da capacidade produtiva -esta voltada, em grande parte, justamente para a exportação.
O problema é que a economia dos EUA não mais terá condições de sustentar o ritmo de compra de produtos chineses do passado. E esse é o principal desafio -como compensar essa perda de consumo num quadro de recessão global. O crescimento recente da China foi impulsionado por investimentos em infraestrutura e pelo crédito para aquisição de imóveis, situações que devem ter reflexos positivos no mercado de trabalho.
Embora isso ajude a alimentar o consumo interno, a mudança de rumos da economia chinesa exige do mercado doméstico um grau de pujança que não parece compatível com o perfil conservador da população na hora de gastar sua renda excedente. Esse traço cauteloso é acentuado pelas deficiências da previdência e da rede de saúde.
A solução do impasse afetará diretamente a economia brasileira. Até aqui o comércio exterior do Brasil se beneficiou da demanda exercida pelos EUA e pela máquina exportadora chinesa. A médio prazo, num eventual cenário de crescimento do consumo interno chinês, as exportações do Brasil serão forçadas a se adaptar ao novo perfil da demanda daquele mercado.


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