São Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

São Paulo não se acomoda

MANUELITO P. MAGALHÃES JÚNIOR


Desde 2002, a participação do Estado de São Paulo no PIB brasileiro está na faixa dos 34%: esta continua a ser a locomotiva do nosso país

O Estado de São Paulo é o que apresenta a maior produção, PIB (Produto Interno Bruto) e número de indústrias, o setor agropecuário mais moderno e a cadeia de serviços mais desenvolvida do Brasil.
Em São Paulo estão concentradas indústrias diversificadas e altamente competitivas, as principais universidades e centros de pesquisas do país, grandes instituições financeiras, um setor terciário com centros de excelência em educação e saúde e um comércio com padrões comparáveis aos de países desenvolvidos.
São exemplos de como a economia paulista tem peso estratégico para o país. Antes da crise internacional, o PIB paulista alcançou, em 2007 e 2008, variações reais de 7,4% e 7%, superiores às do PIB brasileiro. Em 2007, o PIB paulista era de R$ 902 bilhões, o maior do país. Projetadas taxas de crescimento em torno de 4,5%, em 2014 São Paulo terá o 17º PIB do mundo, superando Dinamarca, Noruega e Tailândia.
Mas, em dois artigos recentes, publicados neste espaço, o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, insiste na tese de que São Paulo perdeu importância econômica no país ("Para onde vai São Paulo?", 15/6, e "A difícil transição paulista", 30/3). Não é verdade.
O autor manipula dados e usa o prestígio do cargo em favor de um projeto político específico.
Desde 2002, a participação de São Paulo no PIB brasileiro está na faixa dos 34%: esta continua a ser a locomotiva do país.
É bom que as demais regiões cresçam e contribuam com a riqueza do Brasil. E os que vivem em São Paulo, Estado forjado pelo trabalho de brasileiros de todo o país, torcem para isso. Mas São Paulo não parou. Pelo contrário, avançou em setores de alta e média intensidade tecnológica.
O presidente do Ipea deveria saber, por exemplo, que entre 1996 e 2007 a participação da indústria de alta intensidade tecnológica no Estado cresceu de 29,5% para 39,4%, reforçada pelos desdobramentos econômicos a partir das transformações das matrizes energéticas brasileira e mundial.
O Estado já é líder nacional em pesquisa e desenvolvimento e tem quase a totalidade de indústrias de bens de capital para a produção de bioenergia. Aliás, São Paulo produz 13% da energia consumida no país, 99% a partir de fontes renováveis.
Exerce liderança mundial na produção e pesquisa de etanol de cana-de-açúcar e é responsável por 60% do produto feito no Brasil. Para alcançar esses números, o poder público apostou em pesquisa, desenvolvimento e educação.
Investiu na reformulação de institutos, em parques tecnológicos, em escolas técnicas e faculdades de tecnologia, para formar mão de obra qualificada, gerando empregos de qualidade e em ritmo acelerado. Não por acaso, a rede pública paulista de ensino técnico e tecnológico foi dobrada nos últimos quatro anos.
Em 2010, o governo de São Paulo deve investir mais de R$ 1 bilhão nessa rede. O mesmo que o governo federal, só que em todo o país.
O PT, partido ao qual é ligado o economista Marcio Pochmann, exibe propaganda política na TV que diz que São Paulo não pode se acomodar. Quem parece ter se acomodado intelectualmente é ele, após ocupar cargos públicos.
A propaganda omite que, em 2002, São Paulo respondia por 26% dos empregos formais criados no país, número que, em maio de 2010, saltou para 38%! Demonstração inequívoca de que, aqui, ninguém se acomodou.


MANUELITO P. MAGALHÃES JÚNIOR, 42, economista, é presidente da Emplasa - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A. Foi secretário-adjunto de Planejamento da cidade de São Paulo de 2006 a 2009.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


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