São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Efeitos da máquina

Período de propaganda maciça testa resistência de Alckmin a adversários que ostentam maior estrutura de campanha

OS PRIMEIROS dias de campanha maciça coincidiram com uma alteração no quadro da sucessão paulistana. As duas candidaturas que contam com maior estrutura material, a de Marta Suplicy (PT) e a de Gilberto Kassab (DEM), foram beneficiadas. A chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) perdeu pontos.
Os números mais recentes do Datafolha fortalecem algumas hipóteses formuladas antes de a campanha começar. A fratura na situação, com democratas e tucanos lançando chapas próprias, favoreceria o PT. A falta de apoio em máquinas de governo e o menor tempo de exposição no rádio e na TV dificultariam o desempenho de Alckmin. Os bons índices de avaliação da gestão Kassab acabariam por melhorar as chances eleitorais do prefeito.
Marta Suplicy ganhou cinco pontos percentuais, chegou a 41% das intenções de voto e abriu 17 pontos de margem sobre o tucano. Pela primeira vez, a ex-prefeita surge à frente de Alckmin numa simulação de segundo turno, embora a diferença ainda esteja dentro da margem de erro.
A gestão de Gilberto Kassab, que em maio de 2006 era considerada ótima ou boa por apenas 10% dos paulistanos, atingiu 40% de aprovação. A intenção de voto no prefeito também oscilou três pontos percentuais para cima -no limite da margem de erro. Com 14% da preferência, Kassab viu diminuir em 11 pontos percentuais a sua diferença para Alckmin, que tem 24%.
Ocorreu com o ex-governador a alteração mais brusca apurada na pesquisa. A perda de oito pontos percentuais resultou de uma deterioração generalizada da opção pelo candidato tucano. O movimento não poupou estratos, como os de maior renda e escolaridade, em que o apoio a Alckmin tem sido mais firme.
Prestação de contas parcial das candidaturas divulgada pela Justiça em meados do mês mostra grande desvantagem de Alckmin na arrecadação de fundos. Para cada R$ 8 declarados por Kassab, o ex-governador informa R$ 1. A prática de contratar cabos eleitorais para fazer visitas de porta em porta, disseminada nas campanhas do DEM e do PT, não tem sido imitada pelos tucanos.
Geraldo Alckmin, no entanto, ainda detém um índice de rejeição muito baixo, metade dos obtidos por Marta e Kassab; disputou há dois anos uma campanha presidencial e bateu o presidente Lula na capital paulista. Resta saber se todo esse capital político resistirá à ação das duas poderosas máquinas eleitorais que o tucano terá de derrotar se pretende tornar-se prefeito.


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