São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Pensar
"O artigo "A renúncia de pensar" ("Tendências/Debates", pág. A3, 25/9), do professor Denis Rosenfield, encheu-me de esperança. Num momento em que o país está hipnotizado pelo discurso "bom-mocista" do PT, seu texto revela a existência de uma minoria lúcida, preocupada com os reais rumos políticos que o Brasil está tomando. O professor Rosenfield chama à realidade aqueles que se estão deixando engambelar pelo PT "light". A casca pequeno-burguesa e o discurso ameno recolheram num torvelinho malévolo até mesmo conhecidos capitães de indústria, reduzidos à condição de inocentes úteis do processo revolucionário em andamento no país."
Omar Nasser Filho (Curitiba, PR)

"Estou perplexo com o fato de esta Folha dar espaço a um professor pouco conhecido no meio acadêmico, que, notoriamente, busca reconhecimento à custa de críticas ao PT gaúcho. O sr. Rosenfield carrega nas tintas ao comparar um partido inserido no ambiente democrático a figuras do Terceiro Reich."
Agnaldo dos Santos, doutorando do programa de pós-graduação em sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (São Paulo, SP)

Citricultura
"A reportagem "Exploração envenena colheita da laranja" (Dinheiro, pág. B8, 22/9) tem título sensacionalista e absolutamente improcedente. E o destaque que teve obriga-nos a protestar e a tecer alguns comentários. A reportagem baseia-se em informação errônea -e não verificada em nenhuma das empresas industriais- de que a indústria contrataria os colhedores e não cumpriria as correspondentes obrigações trabalhistas. A colheita na indústria de suco de laranja no Estado de São Paulo e no sul do Triângulo Mineiro emprega uma força de trabalho que supera os 80 mil trabalhadores -contratados e pagos pelos citricultores em cerca de 3.500 equipes- e movimenta a economia de 333 municípios. As frutas são entregues pelos citricultores nos portões das fábricas. A colheita e o transporte são de responsabilidade do citricultor, e não da indústria processadora. A indústria brasileira de suco de laranja concentrado não seria a maior do planeta se utilizasse práticas que contrariam as rígidas leis trabalhistas do Brasil e dos países importadores. É por isso que as empresas mantêm, há sete anos, em todos os seus contratos com fornecedores, uma cláusula de rescisão caso seja empregada mão-de-obra infantil ou outra forma de trabalho não-consentânea com a responsabilidade social do setor. Por esses motivos, ficamos surpresos por não termos sido consultados para a elaboração da reportagem. A repórter Fátima Fernandes telefonou-nos na segunda-feira, mais de 40 horas depois de a reportagem estar nas bancas, para ouvir "a nossa versão". E atribui-me, espertamente sem aspas, na edição de 24/9 ("Fazenda de laranja será investigada", Dinheiro, pág. B2), uma declaração que não fiz de que "são esses produtores (90%) que estão envolvidos em condomínio". Não temos a menor idéia -e isso foi dito à repórter- de quantos produtores utilizam condomínios para as colheitas. Disse também que o sistema de colheita por condomínio é legal e foi instituído pelo Ministério do Trabalho com as bênçãos da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo e do Ministério Público do Trabalho da 15ª Região (Campinas). Portanto não se deve utilizar, a não ser por renitente má-fé, a expressão "envolvidos em condomínio" como se fosse uma atividade ilegal."
Ademerval Garcia, presidente da ABECitrus -Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Ribeirão Preto, SP)

Viagra
"O Viagra não pode ser adquirido livremente nas farmácias, diferentemente do que diz a reportagem "Mercado da impotência ganha novas drogas" (Cotidiano, pág. C5, 25/9), pois é classificado pelo Ministério da Saúde como medicamento de venda sob prescrição médica e, assim como todos os medicamentos de tarja vermelha, necessita da apresentação da receita médica para ser vendido. Sem receita, a comercialização é ilegal. O estabelecimento que realiza esse tipo de venda está sujeito a multas e ao cancelamento de licença de funcionamento por infração à legislação sanitária. Qualquer pessoa pode denunciar a venda ilegal de medicamentos à vigilância sanitária de sua cidade ou de seu Estado ou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária."
Antônio Carlos da Costa Bezerra, gerente-geral de Inspeção e Controle de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -Anvisa (Brasília, DF)

Perdas e danos
"Schröder não foi felicitado por Bush por sua vitória. Quem perde é o americano inteligente e educado."
Marco Aurélio Fernandes da Silva (Curitiba, PR)

Ferrovias
"Venho pressionar os candidatos à Presidência, em concordância com a carta do sr. Paulo Roberto Paroca ("Óbvia e verdadeira", "Painel do Leitor", 21/9), sobre a reimplantação das ferrovias em nosso país. Quando voltarão as inesquecíveis ferrovias? E os trens de passageiros, como o Ouro Verde, o Ouro Branco e outros? Aquilo, sim, era conforto! Coitado do brasileiro de hoje! É obrigado a enfrentar rodovias sem segurança, pagando pedágios a preços extorsivos e tendo os nervos à flor da pele -isso sem falar na poluição. No Japão, o trem-bala é uma maravilha. Na Europa, viajar por ferrovia é prático e confortável. Quanta saudade da Estrada de Ferro Sorocabana, da Paulista, da Mogiana!"
Maria Odila da S. Paes (São Paulo, SP)

Motivos
"Em relação ao artigo "As poucas conexões do PT" (Opinião, pág. A2, 25/9), do jornalista Fernando Rodrigues, gostaria de perguntar-lhe: Então é por "esse" motivo que o dólar sobe? Daria para detalhar um pouco mais "as outras razões'? Que tal o jornalista dar uma lida no artigo "A fantasia dos inquietos" (Brasil, pág. A5, 25/9), do mestre Janio de Freitas?"
Elza Dely Veloso Macedo, professora-adjunta da Universidade Federal Fluminense (Niterói, RJ)

Coragem e comprometimento
"A obrigatoriedade do voto só pode ter um objetivo: o de dar oportunidade irrestrita e eterna a políticos tradicionalmente comprometidos com o coronelismo e com os currais eleitorais. Precisamos de uma reforma político-eleitoral já! Não importa o nível das acusações que existe sobre alguns políticos -de corrupção a desvio de verbas públicas. Sempre é possível encontrar caminhos "legais" para permitir que muitos com passado suspeito se habilitem ao cargo de representantes do "poder que emana do povo". No domingo último, a Justiça concedeu habeas corpus a um ex-senador, já que a legislação eleitoral proíbe a prisão de candidatos num período de 15 dias antes das eleições. A cada dia é mais difícil acreditar que o nobre ato de votar possa ser garantia de representatividade. Como entender a concessão de liminar em um domingo exatos 15 dias antes das eleições? Como esperar que o eleitor comum, a grande maioria, possa entender de habeas corpus, de julgamento de mérito, de 1ª, 2ª ou 3ª turma do Tribunal? Será que existe algum candidato a presidente da República, a senador ou a deputado que tenha coragem de se comprometer com uma reforma político-eleitoral?"
Gustavo A. de G. Pereira (São Paulo, SP)



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