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ELIANE CANTANHÊDE
Strike
BRASÍLIA - Sinuosamente, é verdade, mas o fato é que a decisão final
sobre a vigência da Ficha Limpa pode ter caído no colo de Lula.
Explica-se: com o empate de 5 a 5
no Supremo Tribunal Federal e a
decisão do ministro Cezar Peluso de
não dar o voto de Minerva na condição de presidente, tudo ficou pairando no ar à espera da indicação
do novo ministro, o 11º. E quem indica é o presidente da República.
Logo, Lula pode escolher um ministro disposto a dar um voto para um
lado ou para o outro.
A situação é esdrúxula na origem, no desenrolar e no desfecho
no DF. Na origem, porque o Congresso produziu uma lei capenga
que não explicita se a Ficha Limpa
vale ou não para esta eleição. No
desenrolar, porque o impasse no
STF cria um vácuo jurídico. E no
desfecho, porque a renúncia de
Joaquim Roriz para colocar a mulher como candidata é chocante.
Com o intenso noticiário sobre a
Ficha Limpa e a Ficha Suja, Roriz já
tinha sido derrubado da liderança
por Agnelo Queiroz, do PT, mas ele
deixa a mulher como sucessora e
duas filhas candidatas e herdeiras
-não apenas de votos. Ou seja: Roriz se vai, o "rorizismo" fica.
O golpe da família Roriz é uma
pancada e tanto na já combalida
política do DF, que teve uma bonita
história até o então presidente José
Sarney nomear indiretamente Roriz para o governo local e ele se
transformar no "pai dos pobres",
com uma popularidade que ao longo de muitos anos resiste a tudo, a
todos, à ética e ao bom senso.
O efeito mais desastroso da incapacidade do Supremo em julgar,
porém, não é sobre a eleição majoritária (onde sai um, entra outro),
mas sim sobre a proporcional (porque mexe em um, mexe em todos).
Os votos em Tiririca, por exemplo,
definem o tamanho das bancadas
não apenas do partido dele na Câmara, mas de todos os demais.
A omissão do Judiciário joga partidos, candidatos e eleitores num
limbo nunca visto antes neste país.
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