São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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CARLOS HEITOR CONY

Clipes e hidrelétricas

RIO DE JANEIRO - Com a sucessão de problemas e escândalos no setor da Casa Civil, feudo da candidata petista à presidência da República, é natural que as pesquisas apontem uma queda de intenções de voto, um sintoma evidente, mas não definitivo em termos eleitorais.
O tempo é curto, mesmo assim, sua liderança não parece ameaçada, mas os números baixaram e a tendência pode indicar um segundo turno -e aí as circunstâncias seriam outras. Serra ou Marina? Aparentemente, as intenções de voto que estavam despejadas em Dilma (chegou a 54%) estão migrando para Marina, enquanto Serra se mantém com os mesmos índices.
Independente das pesquisas e projeções eleitorais, o certo é que Dilma sofreu um tranco. Pode não influir em sua vitória na disputa presidencial, mas a marcará ao longo de seus quatro anos de mandato. Foi, como disse em crônica anterior, um cartão amarelo em sua atuação na vida pública.
Se o caso de Erenice deu no que deu, sendo pessoa da absoluta confiança de Dilma, é justo que se questione as pessoas de absoluta confiança que Dilma levará para o ministério, para os cargos de primeiro escalão, os titulares da gigantesca máquina administrativa do governo.
Pelas leis e regulamentos em vigor, o Estado não deve comprar um clipe sem licitação mas as licitações estão sujeitas aos lobbies, donde se pode concluir que um clipe usado na rotina administrativa, por mais barato que seja, deixou em seu rastro uma comissão qualquer para o intermediário ou o lobista.
Mudando os números, dos clipes para uma hidrelétrica ou aeroporto, os parentes próximos das pessoas de confiança de Dilma devem estar assanhados com a perspectiva de quatro anos de vacas gordas. É uma pena, porque Dilma não merecia isso.


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