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CARLOS HEITOR CONY
Clipes e hidrelétricas
RIO DE JANEIRO - Com a sucessão
de problemas e escândalos no setor
da Casa Civil, feudo da candidata
petista à presidência da República,
é natural que as pesquisas apontem
uma queda de intenções de voto,
um sintoma evidente, mas não definitivo em termos eleitorais.
O tempo é curto, mesmo assim,
sua liderança não parece ameaçada, mas os números baixaram e a
tendência pode indicar um segundo turno -e aí as circunstâncias seriam outras. Serra ou Marina? Aparentemente, as intenções de voto
que estavam despejadas em Dilma
(chegou a 54%) estão migrando para Marina, enquanto Serra se mantém com os mesmos índices.
Independente das pesquisas e
projeções eleitorais, o certo é que
Dilma sofreu um tranco. Pode não
influir em sua vitória na disputa
presidencial, mas a marcará ao longo de seus quatro anos de mandato.
Foi, como disse em crônica anterior, um cartão amarelo em sua
atuação na vida pública.
Se o caso de Erenice deu no que
deu, sendo pessoa da absoluta confiança de Dilma, é justo que se
questione as pessoas de absoluta
confiança que Dilma levará para o
ministério, para os cargos de primeiro escalão, os titulares da gigantesca máquina administrativa
do governo.
Pelas leis e regulamentos em vigor, o Estado não deve comprar um
clipe sem licitação mas as licitações
estão sujeitas aos lobbies, donde se
pode concluir que um clipe usado
na rotina administrativa, por mais
barato que seja, deixou em seu rastro uma comissão qualquer para o
intermediário ou o lobista.
Mudando os números, dos clipes
para uma hidrelétrica ou aeroporto, os parentes próximos das pessoas de confiança de Dilma devem
estar assanhados com a perspectiva de quatro anos de vacas gordas.
É uma pena, porque Dilma não merecia isso.
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