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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
O caminho da paz social
"O momento atual abre perspectivas promissoras para o
Brasil, fruto das muitas propostas nascidas no decorrer do período eleitoral." Com essas palavras, a Comissão
da CNBB encarregada de coordenar o
"Mutirão para a Superação da Miséria
e da Fome" dirige apelo aos governantes, especialmente aos novos eleitos,
para que enfrentem, com prioridade,
o drama da fome, assegurando que o
"alimento, dom de Deus e direito de
todos", chegue a todas as mesas.
O breve texto, elaborado pela Comissão Episcopal, em 22 de outubro,
reafirma a iniciativa da CNBB, que,
em sua última Assembléia Geral, em
abril de 2002, diante das desigualdades econômicas e sociais que afligem
nosso povo, convocou as comunidades cristãs para o exercício concreto
da cidadania e da caridade fraterna.
O documento "Exigências evangélicas e éticas da superação da miséria e
da fome" (doc. 69) foi aprovado por
unanimidade pelos membros da
CNBB e nesses meses tornou-se tema
de estudo e programa de ação em todas as dioceses. A iniciativa da CNBB
foi acolhida e referendada por grande
número de entidades que partilham
do mesmo objetivo e estiveram reunidas em Brasília nos dias 22 e 23 de julho de 2002. Elaboraram em conjunto
uma declaração aos candidatos a postos eletivos, executivos e legislativos,
propondo a mobilização da sociedade
civil brasileira em torno do mutirão
contra a miséria e a fome.
Hoje, na conclusão do período eleitoral, agradecemos a Deus a campanha ter-se realizado em clima democrático e de paz social, revelando um
notável amadurecimento na participação política do nosso povo.
É a hora de unir forças para colocar
em sintonia o nosso patriotismo e intensificar o empenho na construção
de um Brasil solidário e fraterno. Para
alcançar essa meta, é preciso que todos cooperem, apoiando projetos
concretos em bem do povo. Essa atitude ajuda a superar partidarismos e
ressentimentos e a somar esforços na
promoção e na defesa de condições
dignas de vida.
Foi nesse sentido que a Comissão da
CNBB enviou carta aberta aos governantes, renovando o apelo para que,
nas esferas federal, estadual e municipal, assumam com prioridade o compromisso de garantir o direito à alimentação, com especial atenção às
crianças gravemente afetadas no seu
desenvolvimento. Esse esforço, oferecendo a oportunidade de uma ação
conjunta, há de irmanar as forças vivas da sociedade civil e pode assegurar, a curto prazo, melhores condições
de nutrição para nosso povo. O exercício da cidadania se estenderá, quanto
antes, a outras iniciativas indispensáveis para atender as exigências de teto,
terra, água, trabalho, educação e saúde.
A liberdade do processo eleitoral é
básica para o exercício da democracia.
Deve, no entanto, ser cada vez mais
aperfeiçoada pela participação dos cidadãos em projetos comuns de políticas públicas.
É na colaboração cotidiana, vencendo distâncias e unindo forças, que há
de crescer a solidariedade que leva à
partilha fraterna e, portanto, à diminuição progressiva das desigualdades
sociais.
Após as vicissitudes das campanhas
eleitorais, é chegado o momento de
darmos as mãos. Membros das comunidades cristãs, denominações religiosas, organizações da sociedade civil e
governos precisamos, com o auxílio
de Deus, trabalhar unidos em bem do
povo. Comecemos pela superação da
miséria e da fome, como primeira etapa no caminho da concórdia e da paz
social.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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