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DISPUTA ACIRRADA
"Necessitamos de um presidente que peça a vocês
que se unam para votar não por seus
medos, mas por suas esperanças".
Essa frase, que poderia muito bem
ter sido proferida pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha de 2002, foi dita pelo candidato democrata à Presidência dos EUA,
senador John Kerry.
Em comum, ambos têm ou tiveram o fato de ser candidatos de oposição enfrentando um oponente que
lhes imputa ou imputava a acusação
de incapacidade para lidar com adversidades. No caso brasileiro, Lula
era acusado de ser incapaz de enfrentar os problemas econômicos. A crer
no discurso republicano, com Kerry
na Casa Branca os norte-americanos
não estarão seguros contra as ameaças do terrorismo.
Trata-se, é óbvio, de uma estratégia
esquemática de marketing político.
No caso brasileiro, o PT soube desarmá-la, oferecendo, aliás, uma contrapartida publicitária mais bem-sucedida. No caso dos EUA, os dados
ainda estão em movimento.
Ao que tudo indica, parte das chances de êxito de Kerry reside na capacidade que irá demonstrar nesta reta final de convencer os indecisos de que
o país estará protegido em suas
mãos e que há outros temas relevantes para os norte-americanos, além
da segurança. Já para Bush, trata-se
de insistir na tecla de que o candidato
democrata não está tão preparado
quanto ele para defender o país.
É difícil convencer a maioria dos
norte-americanos de que a política
preventiva e unilateral de Bush induz
a erros, como a invasão do Iraque, e
pode aumentar em vez de reduzir a
insegurança. Essa conclusão exigiria
que o eleitor levasse em conta não
apenas o quadro interno, que se
mantém controlado, mas sobretudo
uma avaliação mais racional e sofisticada do cenário externo.
É difícil esperar isso de uma opinião pública atemorizada, como a
norte-americana. Mais ainda quando o homem que está no comando
-e que reagiu sem hesitações à
agressão do 11 de Setembro- investe no medo como estratégia eleitoral.
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