São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Iraque e eleição nos EUA

DIANTE DA perspectiva de os republicanos perderem o controle de uma ou de ambas as Casas do Congresso nas eleições legislativas do próximo dia 7, o presidente George W. Bush voltou a falar ontem sobre o Iraque -um dos temas responsáveis pela baixa popularidade do partido situacionista.
Falou, falou, mas não disse muita coisa. Nem poderia. Abordar de forma minimamente isenta a questão iraquiana exigiria uma admissão de fracasso que Bush não está disposto a fazer. E a verdade é quase simples: os EUA erraram ao invadir o Iraque e não foram capazes de evitar que o país mergulhasse numa guerra civil que deverá prolongar-se por anos ainda. Pior, se as tropas americanas saíssem agora, como parte da opinião pública começa a exigir, agravariam a crise, disseminando-a por outros países do Oriente Médio.
A Bush pouco resta além de torcer para os dois próximos anos passarem rápido e entregar a encrenca a seu sucessor. Do ponto de vista dos interesses americanos, a situação não é muito melhor. O máximo que os EUA podem fazer, a essa altura, é intensificar o treinamento das Forças Armadas iraquianas para que elas assumam a segurança do país o quanto antes.
É altamente improvável, porém, que o Exército iraquiano, ele próprio divido em facções e seitas e sob o comando de um governo fraco como o é o do premiê Nuri al Maliki, seja capaz de pôr um fim à violência interétnica, que vem aumentando em ritmo acelerado nas últimas semanas.
O desfecho da aventura americana no Iraque ainda é uma incógnita. Há chances de o país fragmentar-se em Estados menores. Se há uma certeza, é a de que a divisão, se de fato ocorrer, trará novas tensões para o já conturbado Oriente Médio.
Esse, porém, é um assunto que nem Bush nem os democratas querem debater abertamente. Nos EUA ou no Brasil, eleições tornaram-se o momento de calar sobre temas importantes.


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