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PAINEL DO LEITOR
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Salário mínimo
"No artigo "Lula e o salário mínimo" ("Tendências/Debates",
25/10), um diretor nacional da CUT
faz eco às inverdades ditas e repetidas pelo candidato-presidente sobre esta e outras matérias quando
se trata de comparar o desempenho
de seu governo ao dos anteriores.
A verdade é que, entre setembro
de 1994 (primeiro aumento após a
introdução do real) e abril de 2002
(último aumento dado em meu governo), houve um crescimento nominal do salário mínimo de 185,7%.
Já entre abril de 2002 e abril de
2006 (último aumento dado no governo Lula), a variação foi de 75%,
segundo dados do Ministério do
Trabalho (percentual menor que o
observado entre setembro de 1994
e maio de 1998, de 85,7%).
Se considerarmos o salário real,
usando como deflator o INPC, veremos que a variação foi de 45,3% no
primeiro período e de 26% no segundo. Se o deflator utilizado for o
IPCA, veremos que os aumentos
reais foram de, respectivamente,
43,8% e 25,2%. Nada a ver com o salário "praticamente estagnado" de
que fala o dirigente da CUT em referência ao período anterior a Lula.
Qualquer pessoa, organização
partidária ou sindical minimamente comprometida com a verdade
dos fatos haveria de reconhecer
que, desde o governo Itamar Franco, vem aumentando contínua e
significativamente o valor do salário mínimo real e das aposentadorias indexadas à variação do salário
mínimo. Infelizmente, o compromisso do governo, do PT e de suas
correias de transmissão não é com a
verdade dos fatos, mas, sim, com a
repetição politicamente interessada da mentira.
Sobre isso, vale recorrer de memória ao velho adágio: pode-se enganar poucos por muito tempo, pode-se enganar muitos por pouco
tempo, mas não se pode enganar a
todos o tempo todo."
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, sociólogo,
ex-presidente da República (São Paulo, SP)
Coisas da política?
"Embora Lula se tenha poupado
de vir a São Luís, possivelmente
com medo da reação da "ilha rebelde", para qualquer maranhense lúcido, a vinda dele a Timon, para pedir voto para Roseana, ultrapassou
todos os limites do desrespeito à luta histórica daqueles que querem o
Maranhão livre.
Foi demais para quem estava
acostumado a ver o atual presidente participar de tantas campanhas
eleitorais batendo, sem dó, na família Sarney, cujas mazelas tão bem
ele conhece. Coisas da política?
Não. Ele poupou-se e não nos poupou. Talvez por, equivocadamente,
considerar-se acima do bem e do
mal, julgando-se no direito de nos
humilhar e tratando com escárnio o
próprio PT do Maranhão. Mas a
história, por nós, lhe dará a implacável resposta.
Cumprindo a minha parte, exprimo a minha indignação -com a decisão de não mais votar em Lula-
em respeito ao sofrimento dos quase quatro milhões de conterrâneos
que vivem abaixo da linha de pobreza, vitimados pelos 40 anos de desmandos da oligarquia Sarney."
JOSÉ POLICARPO COSTA NETO,
professor adjunto da Universidade Federal do
Maranhão (São Luís, MA)
Racismo
"Cumprimento a Folha pela reportagem sobre os ataques racistas
à agência de notícias Afropress e as
ameaças à vida dos jornalistas Dolores Medeiros e Dojival Vieira
(Cotidiano, 25/10).
Ao procurador da República Sérgio Suiama e ao Ministério Público
Federal, nossos elogios e a torcida
para que não se deixem vencer pelas dificuldades na busca pela identificação e punição dos responsáveis. A questão do racismo no Brasil
insere-se no rol dos grandes problemas nacionais; falta a grande
imprensa colocá-la no devido lugar,
ao lado da corrupção, da inoperância da máquina do Estado, da desigualdade social etc."
PEDRO FALABELLA TAVARES DE LIMA, procurador
de Justiça, membro do Ministério Público de São
Paulo, (São Paulo, SP)
Monstro
"A respeito do artigo de Clóvis
Rossi intitulado "O monstro inominável" (Opinião, 25/10), quero parabenizá-lo pela lucidez e, particularmente, por furar o bloqueio na
mídia a respeito da "dívida pública e
o monstruoso serviço por ela pago".
Os dois candidatos que concorrem no segundo turno das eleições
presidenciais também não tocam
no assunto. Ninguém cobra ou discute essa questão.
Vale dizer que usar 40% do Orçamento todos os anos para pagar a
dívida pública e beneficiar pouco
mais de 20 mil famílias ricas parece
não ter importância para o futuro
da nação. O que importa é ter a confiança do capital financeiro."
IVAN VALENTE, deputado federal pelo
PSOL-SP (Brasília, DF)
Polícia Federal
"Cumprimento a sabedoria e a
precisão do editorial que condenou
a proposta de total autonomia da
PF ("Proposta absurda", 24/10).
Essa solução, típica de países de
regime stalinista, é incompatível
com os fundamentos de países democráticos. O problema da Polícia
Federal não é de mais autonomia
-pois já a tem demais-, e sim de
mais controle. A excessiva ênfase
em ações de polícia administrativa
na atual gestão prejudicou sensivelmente sua atuação em áreas típicas
de segurança pública, como o tráfico de entorpecentes e o contrabando em geral.
A PF, como toda polícia, deve estar subordinada a órgão do Executivo, deve ser fiscalizada pelo Ministério Público e deve estar sujeita a
outros mecanismos de controle, como corregedoria e ouvidoria."
JOSÉ VICENTE DA SILVA FILHO, ex-secretário
Nacional de Segurança Pública -2002 São Paulo,
SP)
Publicidade
"No editorial "Ataque à publicidade" (Opinião, 23/10), a Folha critica a Lei Cidade Limpa, iniciativa da
Prefeitura de São Paulo aprovada
pela Câmara Municipal que vai acabar com a poluição visual causada
por publicidade exterior na cidade.
Não se trata de "resolver todos os
problemas a golpes de caneta" nem
de uma "cruzada antipublicitária".
O fato é que a população não
agüenta mais ver a poluição visual e
a cidade tomada por outdoors e
propagandas, de todas as dimensões e tamanhos. Estava na hora de
afirmar uma nova cultura que preservasse os espaços públicos. Paisagem urbana não é mídia.
Os vereadores tiveram a coragem
de atender a vontade da opinião pública. Nós vamos implementá-la."
SÉRGIO RONDINO, assessoria de imprensa da
prefeitura (São Paulo, SP)
CARTA REGISTRADA
"Sugiro trocar o "Deixa o homem
trabalhar!" da propaganda eleitoral
por "Bota o homem pra trabalhar!".
É mais apropriado."
PAULO MADURO (Penápolis, SP)
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