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NELSON MOTTA
Sonho americano, pesadelo carioca
RIO DE JANEIRO - O capitão
Nascimento ficaria surpreso: o Departamento de Polícia de Nova
York admite que, apesar de seus esforços, a cidade é a maior consumidora de drogas do mundo. Mas a
criminalidade e a violência urbana
-sob controle de uma força policial
eficiente, honesta, bem paga e aparelhada- só diminuem.
Sim, é possível. Apesar do poder
do tráfico, que disputa o abastecimento de tão rico mercado, não há
balas perdidas nem guerras de quadrilhas, nem infiltração no aparelho policial e judiciário, nem tortura e impunidade. Ninguém diz que,
se os nova-iorquinos parassem de
consumir drogas, a criminalidade
acabaria. Eles viveram a experiência da Lei Seca, quando o crime se
organizou a partir da indústria
clandestina de bebidas.
Desde a histórica campanha "Tolerância Zero", do prefeito Giuliani,
nos anos 90, que começou com uma
implacável limpeza na polícia, os
índices de criminalidade violenta
despencaram em Nova York, apesar do crescimento do tráfico de
drogas. Mas os roubos, assaltos, homicídios, estupros e seqüestros caíram drasticamente, e Giuliani foi
reeleito com apoio até da oposição.
A polícia de Nova York persegue
traficantes e consumidores, não
aceita subornos, denuncia e pune
com rigor seus desvios e violências,
assume as suas responsabilidades e
faz o que tem que ser feito, para o
que são pagos: garantir segurança e
liberdade aos cidadãos.
Enquanto isso, no Rio, dizem que
o tráfico é a origem de todos os males que assolam a população. Parece
até que se ele acabasse a cidade voltaria a ser o paraíso tropical dos
anos dourados. Mas, se o "movimento" acabasse, eles não venderiam doces: seriam legiões de bandidos desempregados e armados
descendo sobre a cidade indefesa.
Sofia não teria pior escolha.
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