São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Prioridade: a educação

EM ARTIGO anterior, focalizei uma das reformas controvertidas e, ao mesmo tempo, mais urgentes -a reforma trabalhista. Neste tratarei da reforma do ensino.
De todos os problemas da educação, o mais grave é o da má qualidade. Das crianças que iniciam a escola, apenas 57% chegam à 8ª série.
Cerca de 73 milhões de brasileiros que votaram no último pleito não completaram essa série. Mais de 50% dos adultos são analfabetos funcionais ("Brasil, o Estado de uma Nação", Ipea, 2006). É um quadro dramático. Cerca de 37% dos jovens com idade entre 15 e 25 anos não completaram o ensino fundamental.
O Brasil está travado: falta emprego e sobram vagas. Muitas empresas enfrentam dificuldades para contratar eletricistas, soldadores, mecânicos e técnicos de outras áreas. A menos que tomem suas próprias providências, as poucas empresas ora em construção vão esbarrar com o problema da falta de mão-de-obra qualificada assim que ficarem prontas.
E isso acontece em um país que cresce míseros 3%. Imaginem o desastre quando o Brasil crescer 5% ou 6%.
Uma reforma do sistema educacional terá de contemplar quantidade e qualidade. Mas, neste artigo, desejo fazer sugestões para melhorar a qualidade.
A massificação do ensino veio para ficar -e não poderia ser diferente. Por isso, temos de melhorar a qualidade dentro desse quadro.
Para tanto, penso que a medida mais prioritária é melhorar a gestão das escolas. Não basta aumentar os recursos; é preciso usá-los bem. Computadores, bibliotecas, bons salários para professores, tudo isso é importante, mas a administração eficiente é crucial. As escolas e os profissionais com bons resultados precisam ser enaltecidos e premiados; os maus, criticados e corrigidos.
Os professores necessitam de atualização contínua. Mas isso não basta. É importante que os novos conhecimentos passem para a mente dos alunos. Está aí um bom critério de premiação. Alunos que evoluem devem gerar gratificações aos professores e administradores.
Sei que muitos alunos trazem deficiências da família. Esses precisam dos melhores professores. Por cima de tudo, há que envolver os pais para que passem a demandar uma educação de melhor qualidade. Essa é a força mais poderosa para pressionar a escola e os seus gestores.
E, finalmente, temos de restaurar o clima de disciplina e de respeito que deve imperar na atividade de ensino.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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