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Avanço contra a Aids
Estudo indica que epidemia atingiu ponto de inflexão, mas acesso a remédios, apoio à prevenção e impacto na África ainda preocupam
A epidemia global de Aids parece ter atingido um ponto de inflexão. Segundo relatório de 2010 do
Programa Conjunto das Nações
Unidas sobre HIV/Aids (Unaids),
o número de infectados se estabilizou em torno de 33 milhões de
pessoas no mundo.
Na década passada, houve redução de 16% nas cifras anuais de
novas infecções. De 3,1 milhões de
pessoas que contraíram Aids em
1999, passou-se para 2,6 milhões
em 2009. Em cinco anos, caiu 14%
a quantidade de mortes relacionados com a síndrome. Em 2004,
ainda morriam 2,3 milhões de
doentes, dado que se reduziu a 1,8
milhão no ano passado.
São boas notícias. Seria temerário, no entanto, utilizar esse conjunto de dados para esboçar um
retrato róseo da situação.
Causa alguma espécie, desse
ângulo, que o Unaids arredonde
as duas taxas de redução citadas
(16% e 14%), a "quase 20%". É
uma patente imprecisão.
A estabilização na quantidade
de infectados aparece sobretudo
na comparação entre 2009 (33,3
milhões) e 2008 (32,8 milhões). Na
década, evidencia-se crescimento
de 27%, pois em 1999 havia 26,2
milhões de pessoas convivendo
com o vírus -o HIV.
Esse aumento tem seu lado positivo: o número de doentes aumenta porque a sobrevida é
maior, graças ao acesso ampliado
a medicamentos antirretrovirais.
Em 2004, só 700 mil doentes em
países de renda média ou baixa recebiam tratamento. Cinco anos
depois, esse contingente havia
saltado para 5,2 milhões.
A América Latina e o Brasil, que
concentra um terço dos casos do
subcontinente, são apontados como exemplos de esforços precoces
e continuados de prevenção e tratamento. A epidemia foi de fato
contida em nosso país.
Mesmo em nações africanas como África do Sul, Etiópia, Zâmbia
e Zimbábue observaram-se reduções de monta, superiores a 25%,
nas taxas de novas infecções.
Um desenvolvimento notável
se verificou a respeito da transmissão do HIV de mãe para filho,
que pode ser evitada com a medicação de mulheres grávidas.
Estima-se que ainda ocorram
370 mil casos por ano, quadro que
o Unaids qualifica como "eliminação quase total". A redução, no
quinquênio 2004-2009, foi de
24%. Na África Subsaariana, houve queda ainda maior: 32%.
Por outro lado, a África ainda
detém 69% dos casos novos e cifra
comparável (72%) das mortes relacionadas. Foram 1,8 milhão de
infectados, em 2009, e 1,3 milhão
de óbitos. No mundo todo, ainda
há 10 milhões de pessoas com HIV
que não recebem antirretrovirais.
Muitas nações de baixa renda
dependem integralmente de fontes internacionais para financiar
seus programas de prevenção e
tratamento. As doações governamentais para tal fim, porém, decaíram de US$ 7,7 bilhões em 2008
para US$ 7,6 milhões em 2009.
É cedo demais, já se vê, para dar
o flagelo da Aids por debelado.
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