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O EFEITO VACA LOUCA
A confirmação de um caso de
mal da vaca louca nos Estados
Unidos reaviva temores como os que
cercaram a eclosão da doença no
Reino Unido e na Europa alguns
anos atrás. A encefalite espongiforme bovina (EEB), nome científico da
moléstia, foi identificada pela primeira vez na Inglaterra, em 1985.
Provoca a degeneração do sistema
nervoso central e leva à morte do animal num período de até seis meses.
Acredita-se que o mal esteja vinculado à alimentação do gado com farinha de carne e ossos produzida a
partir de outros animais doentes, como carneiros. Nos humanos, o consumo da carne de bovinos contaminados pode desenvolver uma variante da doença de Creutzfeldt-Jakob,
um grave distúrbio neurológico para
o qual ainda não há cura.
Com o anúncio, despencou a cotação das ações de empresas norte-americanas com atividades ligadas à
carne bovina. Diversos países, entre
eles os maiores importadores de carne dos EUA (Japão, Coréia do Sul e
México), suspenderam as encomendas, medida que também foi adotada
pelo governo brasileiro.
Não se conhece ainda a extensão da
presença do mal da vaca louca no rebanho norte-americano e não há registro de pessoas afetadas. Novos
testes serão feitos, enquanto as autoridades procuram conter o medo dos
consumidores -uma tarefa difícil
depois da revelação do caso, do recolhimento de 4,7 toneladas de carne
possivelmente contaminada e da reação internacional. Os prejuízos serão
inevitáveis. Sua contabilização já está
na casa dos bilhões de dólares.
Como é usual em situações desse
tipo, as perdas econômicas de uns
acabam por criar vantagens para outros. O gado brasileiro é tradicionalmente mantido com alimentos de
base vegetal, o que o tem preservado
da doença. Embora a contrapartida
não seja automática, o Brasil poderá,
a depender da evolução do quadro,
encontrar novas oportunidades comerciais. Para isso, no entanto, terá
que superar outros males, como as
restrições de alguns países à carne de
rebanhos que precisam ser vacinados contra a febre aftosa.
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