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São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2003

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O EFEITO VACA LOUCA

A confirmação de um caso de mal da vaca louca nos Estados Unidos reaviva temores como os que cercaram a eclosão da doença no Reino Unido e na Europa alguns anos atrás. A encefalite espongiforme bovina (EEB), nome científico da moléstia, foi identificada pela primeira vez na Inglaterra, em 1985. Provoca a degeneração do sistema nervoso central e leva à morte do animal num período de até seis meses. Acredita-se que o mal esteja vinculado à alimentação do gado com farinha de carne e ossos produzida a partir de outros animais doentes, como carneiros. Nos humanos, o consumo da carne de bovinos contaminados pode desenvolver uma variante da doença de Creutzfeldt-Jakob, um grave distúrbio neurológico para o qual ainda não há cura.
Com o anúncio, despencou a cotação das ações de empresas norte-americanas com atividades ligadas à carne bovina. Diversos países, entre eles os maiores importadores de carne dos EUA (Japão, Coréia do Sul e México), suspenderam as encomendas, medida que também foi adotada pelo governo brasileiro.
Não se conhece ainda a extensão da presença do mal da vaca louca no rebanho norte-americano e não há registro de pessoas afetadas. Novos testes serão feitos, enquanto as autoridades procuram conter o medo dos consumidores -uma tarefa difícil depois da revelação do caso, do recolhimento de 4,7 toneladas de carne possivelmente contaminada e da reação internacional. Os prejuízos serão inevitáveis. Sua contabilização já está na casa dos bilhões de dólares.
Como é usual em situações desse tipo, as perdas econômicas de uns acabam por criar vantagens para outros. O gado brasileiro é tradicionalmente mantido com alimentos de base vegetal, o que o tem preservado da doença. Embora a contrapartida não seja automática, o Brasil poderá, a depender da evolução do quadro, encontrar novas oportunidades comerciais. Para isso, no entanto, terá que superar outros males, como as restrições de alguns países à carne de rebanhos que precisam ser vacinados contra a febre aftosa.


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