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VALDO CRUZ
Justiça seja feita
BRASÍLIA - Neste final de ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faria uma grande justiça se viesse a público e agradecesse pela oposição que
ele tem. Sem ela, o governo não teria
aprovado nem a reforma da Previdência nem a tributária.
Tucanos e pefelistas deram votos
preciosos para que as duas reformas
caminhassem no Congresso. Fizeram
uma oposição a Lula bem diferente
daquela que o PT reservou a FHC.
O agradecimento não seria apenas
justo, mas também estratégico. O PT,
tudo indica, continuará dependendo
dos votos do PFL e do PSDB para
aprovar seus projetos prioritários.
É o que deve acontecer com o projeto que dá autonomia ao Banco Central, a ser encaminhado ao Congresso
em 2004. Pelo menos foi o que prometeu o ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) ao presidente do BC, Henrique Meirelles.
A promessa foi feita para tranquilizar Meirelles, que andou chateado
com as informações de que o BC estaria cedendo às pressões vindas do Palácio do Planalto. Palocci e Meirelles
negam qualquer interferência. Dizem, por sinal, que hoje o BC já tem
uma autonomia informal.
O tema é polêmico dentro do PT.
No governo e no Congresso, muitos
petistas não querem nem falar em
dar algum tipo de independência ao
BC. Recuar agora, porém, é quase
impossível, principalmente depois de
Palocci admitir publicamente que
tratará do assunto em 2004.
Soaria como uma rendição às pressões da esquerda. Um reconhecimento de que o governo do PT prefere um
BC atrelado ao Planalto. Tudo o que
o ministro da Fazenda não deseja.
Palocci tem uma convicção: com a
autonomia, aumenta o espaço para o
Banco Central reduzir os juros.
Para tentar contornar as resistências no partido, o presidente do PT,
José Genoino, planeja um seminário
com a equipe econômica para debater o projeto com os petistas. Uma dica: melhor Palocci e Meirelles convencerem Lula a agradecer à oposição e garantir, já, os votos de tucanos
e pefelistas. É mais seguro.
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