|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JOSÉ SARNEY
Que venha
um ano bom
ANO VELHO , ano novo. De viver, vive-se com a invenção
do tempo. Escrever sobre
estas festas e estado de espírito é
coisa difícil, a começar pela exigência dos gramáticos. Ano-Novo, com
maiúscula e hífen, é o champanhe
se abrindo, a festa da passagem. Já
ano novo, tudo minúsculo, são todos os dias do novo ano. Por isso é
correto dizer bom Ano-Novo e feliz
ano novo. De um jeito ou de outro,
queremos um 2009 de progresso,
tranqüilidade e paz, dando graças
por ter vivido o ano de 2008. Paz
para Guido Mantega, tranqüilidade para o Meirelles e o progresso fica mesmo para o presidente Lula.
Mas não é isso que as cassandras
andam berrando no mundo todo.
Dizem que 2009 será o olho do furacão da crise. O problema eram as
hipotecas e os subprime nos Estados Unidos, que depois nadaram
para a Europa, galoparam para a
Ásia e agora fazem marolas em
nossas bandas.
Mas eu sou um inveterado otimista que jamais devo aplicar na
Bolsa porque não acredito em queda, e ela sempre vem... Acho que
2009 não vai ser nada disso que estão alardeando, pois é um ano ímpar, e estes anos ímpares não costumam ser de catástrofes. Fiquei
acreditando nisso quando d. Maria
do Correio, a lendária vidente de
Araxá, me disse quando eu era candidato a governador do Maranhão:
"Se a eleição for num ano ímpar,
você ganha; se for num ano par,
perde". E quando Carlos Lacerda
brigou com Castello e este resolveu
fazer eleição direta em 1965, eu me
animei todo e disse de mim para
mim: "Agora é minha vez". E foi.
Não sou adepto da numerologia,
minha simpatia pelos anos ímpares é pura superstição, assim como
não gosto de marrom nem de bicho
empalhado. Se for jacaré, Deus nos
acuda. Mas um ano não é nada, é
uma gota d'água, embora os físicos
descobrissem agora, nesta alquimia do século 21, entre equações
mágicas complicadas de interação
entre campo magnético e gravidade, que o universo pode ser enxergado numa gota d'água, com buraco negro e tudo. É tudo igual, o pequeno e o imenso, coisa das leis do
Criador, que Einstein dizia "não jogar dados".
O tempo, repito, é uma invenção
do homem. Depois dos 70, então,
ao ser contado, pesa que nem cabeça de bêbado. A todos os leitores
que me acompanham nesta minha
sexta-feira, espero que tenham tido um bom Natal e na próxima semana recebam o Ano-Novo com o
carinho que se tem pelas crianças.
Afinal ele também vai envelhecer
e, como tudo, um dia será passado.
A mais perturbadora invenção
do homem foi a contagem do tempo. Dizem que tudo começou no
Big-Bang, há 14 bilhões de anos, e
nós, cheios de esperança, agora
acrescentamos mais um ano a essa
montanha de estrelas e energia.
jose-sarney@uol.com.br
JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Fernando Gabeira: Quem diria, 2008 Próximo Texto: Frases
Índice
|