São Paulo, sábado, 26 de dezembro de 1998

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NOVIDADE PAULISTANA

Derrotada por Mário Covas por margem ínfima de votos no primeiro turno da eleição ao governo do Estado, a deputada federal petista Marta Suplicy aparece como favorita na corrida à prefeitura paulistana no ano 2000, conforme indica o resultado de pesquisa Datafolha publicada ontem por este jornal.
É evidente que a sucessão municipal paulistana está num horizonte longínquo e que, a praticamente dois anos da eleição, tal resultado não diz muito sobre as perspectivas de sucesso deste ou daquele candidato. Ele parece refletir muito mais o rescaldo do pleito estadual, do qual Marta, apesar de derrotada, saiu fortalecida pelo desempenho surpreendente até mesmo para seus eleitores.
É preciso dizer que, no caso de Marta Suplicy, o fenômeno de sua ascensão parece guardar uma relação um tanto tênue e remota com seu partido, o PT. A sua algo inesperada candidatura ao governo do Estado de São Paulo surgiu inicialmente à revelia da burocracia petista. Parece ter sido acolhida pelo partido à medida que ficaram evidentes a falta de nomes eleitoralmente viáveis, o apelo popular do nome da deputada e sua capacidade de atrair votos que normalmente não teriam como destino o Partido dos Trabalhadores.
O que a pesquisa parece indicar é que a deputada do PT vai despontando como a única novidade significativa em um Estado e em uma cidade que têm apresentado nos últimos anos uma baixa capacidade de renovação de suas lideranças políticas.
Isso é claro no caso do PSDB, refém da força de Mário Covas, e fica ainda mais evidente em relação ao malufismo, cuja eventual reciclagem, por meio da eleição de Celso Pitta, vem se revelando até aqui um fracasso. As demais alternativas partidárias ou políticas são hoje declinantes.
Quanto ao prefeito paulistano, ele continua muito mal avaliado -61% dos paulistanos consideram sua gestão ruim ou péssima- e surge com apenas 6% das preferências numa eventual tentativa de reeleição. Seu a princípio mentor e antes padrinho, Paulo Maluf, apesar do revés sofrido continua com sua cota de eleitores fiéis -tem hoje 24% das intenções de voto, segundo o Datafolha.
Mas Marta Suplicy, por ora, parece ser mais uma representante de si mesma e de uma demanda difusa por lideranças novas na velha política paulista do que o centro catalisador de um projeto alternativo consistente -ideológico, partidário ou político.



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