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RUY CASTRO
Ciberpegadinhas
RIO DE JANEIRO - Há meses, o
departamento de informática de
um grande banco me manda apelos
desesperados para que eu atualize
meu cartão, sob pena de vê-lo cancelado. "Basta clicar no endereço
xis", diz o aviso. O estranho é que
não sou cliente do tal banco, e ele,
generoso, em vez de me cancelar logo o cartão, continua me dando
oportunidades de me redimir.
Outra empresa, que não se identifica, insiste em me passar comprovantes de depósito pagando por
serviços que não me lembro de ter
prestado. Pede que eu clique no endereço ipsilone para checar os dados e o valor. E ainda outra, também sem se identificar, avisa que
tem um reembolso de dinheiro a
meu favor e quer saber meu banco,
minha agência e minha conta para o
depósito.
Um plano de saúde de que não
sou sócio me escreve repetidamente dizendo que posso reduzir o custo e manter todos os serviços do
plano, bastando clicar para descobrir como. Já o Correio avisa que tenho um Sedex retido em meu nome
e, se eu clicar assim ou assado, eles
mandarão entregá-lo.
Uma mensagem cruel, porque
apela para nossos bons sentimentos, é a do desempregado que pede
ajuda para arranjar "uma colocação" e anexa o currículo para meu
exame. É tão difícil de ser ignorada
quanto a da mulher que diz:
"Amooor, foi maravilhoooso, veja
nossas fotos, você estava demaaais,
não deixe ninguém ver". Você não
se lembra de ter protagonizado nada tão espetacular nos últimos tempos, mas, quem sabe...
A internet está cheia de pegadinhas como essas. Um clique em falso e sua vida financeira estará em
mãos de pilantras. Eu próprio, às
vezes, quase sucumbo à curiosidade. Mas sou alertado pelo uso rude
da língua portuguesa nas ditas
mensagens. Os piratas do ciberespaço não conseguem disfarçar seu
semianalfabetismo crônico.
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