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Comércio varejista
Apesar de escândalos em série no governo Lula, não houve nenhum avanço no modo de preencher
os cargos federais
O LOTEAMENTO dos ministérios com vistas ao
segundo mandato do
presidente Lula está
chegando ao fim. Fechado o armazém atacadista do Planalto,
está aberta a temporada de caça
aos postos de varejo, no segundo
escalão e nas estatais.
Discute-se a entrega dos portos ao PSB de Ciro Gomes, mas o
PR, que inflou na expectativa de
receber a pasta dos Transportes
com "porteira fechada", resiste.
PMDB e PT já avançam sobre as
diretorias do Banco do Brasil, da
Caixa e da Casa da Moeda.
Petistas querem a presidência
e a manutenção de mais duas vice-presidências do BB. Peemedebistas não deixam por menos e
almejam pelo menos dois postos
na cúpula do banco. Se a Caixa
desperta menos cobiça, é apenas
porque a partilha vigente entre
PT, PMDB e PTB é considerada
satisfatória pelos caciques.
Os gerentes do varejão lulista
são Dilma Rousseff (Casa Civil),
Paulo Bernardo (Planejamento)
e Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais). "Foram
designados pelo presidente para
integrar o grupo que fará o acerto
com os partidos assim que a reforma ministerial for concluída",
declarou o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves.
Sinal dos tempos, as implicações nefastas de nomeações políticas em empresas estatais já não
afligem os operadores partidários. "Experiência ruim foi no
passado, quando os bancos não
davam lucro. O resto foram casos
isolados", afirmou Cândido Vaccarezza, notória figura do aparelho petista que debuta na Câmara federal.
Os "casos isolados" envolveram um diretor dos Correios em
flagrante de corrupção, o diretor
de Marketing do BB e o presidente da Casa da Moeda no esquema de Marcos Valério, o presidente da Caixa na violação do
sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, um diretor da área
de risco do BB na trama do dossiê contra políticos tucanos.
É uma tragédia para a democracia brasileira que a mais aguda seqüência de desmandos políticos dos últimos anos não tenha
gerado nenhum avanço no modo
de preencher os cargos federais.
A agenda modernizadora foi
varrida para debaixo do tapete
tão logo a popularidade de Lula
recuperou-se das pancadas sucessivas. Foram esquecidos imperativos como o de limitar drasticamente os postos federais de
livre provimento e o de privatizar ou conceder à iniciativa privada antros de desmandos e ineficiência, como os portos.
Esse filão do Estado brasileiro
continuará imerso no atraso pelo menos até a próxima crise.
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