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ELIANE CANTANHÊDE
O olho da cara
BRASÍLIA - Deveras interessante
a posição do PMDB de recomendar
aos governadores e dirigentes estaduais e municipais do partido alianças prioritárias com o PT e os partidos aliados ao Planalto nas eleições
das prefeituras. Excelente aposta
para um partido que é o mais enraizado no país, tem sete governadores, as maiores bancadas parlamentares, uma marca ainda hoje identificada com as velhas boas causas e...
nenhuma perspectiva de subir a
rampa do Planalto.
Antes, pendurava-se no PSDB.
Agora, pendura-se no PT. Ou melhor, em Lula, na sua enorme popularidade e nas suas boas perspectivas -reais, apesar de ainda não registrada pelas pesquisas- de fazer o
sucessor em 2010.
É assim que o PMDB se eterniza
no poder, pegando carona não nas
vitórias de um outro partido, mas
sim na gangorra entre PSDB e PT. E
com destaque. Vide o Pará, onde
quem se elegeu foi a petista Ana Júlia, mas as informações que vêm de
lá dizem que quem manda é o peemedebista Jader Barbalho. Vide
São Paulo, onde a candidata será a
petista Marta Suplicy, à beira de ceder à conveniência pragmática de
uma aliança com Orestes Quércia.
E na Bahia? O PT fez bonito. Venceu as eleições para o governo do
Estado nos últimos minutos e chegou ao Palácio de Ondina com o
baiano-carioca Jaques Wagner.
Mas tudo indica que o grande beneficiário do ocaso do carlismo não
será exatamente o PT, e, sim, o
PMDB de Geddel Vieira Lima -o
mais tucano dos peemedebistas no
governo FHC, o mais petista dos
peemedebistas no governo Lula. E
ministro da Integração Nacional.
Atenção Ricardo Berzoini, contrário à aliança PT-PSDB em Minas: o poder tem custado caro a tucanos e petistas, mas o que custa o
olho da cara é a disputa cruenta entre ambos. PT, PMDB e DEM (que
tem lado) perdem. O PMDB, que vai
para onde o vento sopra, se dá bem.
E como!
elianec@uol.com.br
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