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FERNANDO GABEIRA
Balas anunciadas
RIO DE JANEIRO - Enquanto as
balas zunem sobre a cabeça dos cariocas, numa semana de intenso tiroteio, mergulho num livro que pode ser de alguma ajuda.
"Alguma" porque trata da melhor
força policial dos Estados Unidos,
especializada em contraterrorismo,
o Departamento de Polícia de Nova
York. O autor de "Securing the
City", Christopher Dickey, estuda o
tema há vários anos e enfatiza o trabalho de antecipação como algo vital na luta contra o terror. Nela, o
sucesso é não deixar acontecer.
Como Nova York é um alvo preferido pelos terroristas, inclusive pela
sua dimensão simbólica, os grandes
nomes da luta contra o terrorismo
estão sempre de olho no que se passa fora da cidade. Uma grande crise
no Oriente Médio, um passo mais
agressivo dos EUA na região, tudo é
monitorado com muito rigor, pois
costuma prenunciar atentados.
Na polícia do Rio, análise e antecipação nem sempre são feitas com
êxito. A polícia ocupou o Morro Dona Marta, expulsou os traficantes e
instalou banda larga para o acesso à
internet.
Mas não avaliou que a tomada de
um morro na zona sul poderia implicar uma reorganização de forças
entre as quadrilhas. Não traçou os
cenários. Parece que atua depois
que as coisas acontecem, correndo
atrás do prejuízo. "
A seu favor, registro que antecipação e tramas desfeitas nunca
abrem grande espaço na mídia. E
que os orçamentos policiais de Nova York beiram US$ 5 bilhões.
Nos anos 70, a segurança em Nova York era uma lástima. A cidade
não só combateu o crime comum
como se preparou para o sofisticado
confronto com o terror.
O Rio pode dar a volta: formar
uma pequena equipe, com os melhores do país, saber usar o que há
de bom na própria cidade. Poucas
polícias do mundo têm tanta experiência como a carioca.
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