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ELIANE CANTANHÊDE
A PF contra-ataca
BRASÍLIA - Depois de viver os
louros de operações de nomes curiosos e de alvos mais curiosos ainda (juízes, governadores, senadores, delegados...), a Polícia Federal
sofreu duro golpe com o desenrolar
das investigações sobre o modus
operandi, nada ortodoxo, da dupla
Paulo Lacerda, então na Abin, e
Protógenes Queiroz, delegado da
instituição responsável pelo caso
Daniel Dantas.
O que começou sob aplausos nacionais andou de marcha-a-ré, como as próprias declarações de Tarso Genro (Justiça). Nos primeiros
momentos, ele comemorou a operação contra Dantas, Naji Nahas e
Celso Pitta. Depois admitiu "erros",
mas insistiu que havia "indícios robustos" de crimes. No fim, fechou a
boca (e os olhos e ouvidos), enquanto Lula invertia o jogo: o comemorado Paulo Lacerda saiu da Abin, do
Planalto e finalmente do país, despachado para um cargo em Portugal, enquanto Protógenes caía da
Operação Satiagraha, depois do
cargo da PF e pode perder o próprio
emprego.
Bem, tudo isso para chegar até os
últimos lances, nesta semana: as
prisões de diretores da Camargo
Corrêa e da dona da Daslu, Eliana
Tranchesi. Se há motivos, que sejam punidos. Mas que não sejam só
bodes expiatórios para a PF passar
por cima da polêmica e dos erros de
Protógenes e voltar à glória e à
ribalta.
O que mais chama a atenção é um
diretor dizer a outro numa gravação que pagou R$ 300 mil "a Agripino e partido". Ok. Agripino vem a
público, diz que foi doação de campanha e que recebeu mesmo e apresenta o recibo. Mata a cobra e mostra o pau. Ou doação de campanha é crime?
A PF tem ótimos serviços prestados, e é fácil recuperar credibilidade, até porque a opinião pública é a
seu favor. Desde que não queira
"apagar" o episódio Protógenes
caindo nas mesmas esparrelas. É
tombo certo.
elianec@uol.com.br
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