|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
?
SÃO PAULO - A julgar pelo que diz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
basta "consciência" para não precisar pagar os juros obscenos que são
uma característica do Brasil, no governo anterior como no governo Lula, que, aliás, atacava o anterior entre outras razões pelos juros obscenos.
Agora, basta que a "população"
deixe o "comodismo" para não precisar pagar juros tão altos nos bancos e,
principalmente, no cartão de crédito.
Quantos anos faz que o presidente
não freqüenta um banco para aplicar
ou tomar dinheiro? Se o fizesse, ou se
perguntasse a alguém que o faz antes
de proferir seus catastróficos improvisos, saberia que as coisas não são
tão simples assim, simplórias aliás.
Não adianta mudar de um banco a
outro, da noite para a manhã, até
porque a diferença entre as taxas cobradas por eles é pequena.
Se fosse tão fácil, por que Lula, como chefe do governo, continua pagando os juros igualmente obscenos
aplicados à dívida brasileira, juros,
aliás, determinados por um subordinado seu, Henrique de Campos Meirelles, presidente do Banco Central,
em conjunto com subordinados de
Meirelles e, portanto, de Lula?
O "non sense" das declarações do
presidente deveria levar alguém, no
Palácio do Planalto, a proibir Lula de
fazer improvisações. Na semana anterior, ele já havia dito que o Brasil tirara a Alca da agenda, o que o ministro Celso Amorim, seu subordinado,
viu-se obrigado a desmentir, porque
era "non sense".
Um executivo, o vice-presidente da
Associação do Comércio Exterior do
Brasil, José Augusto de Castro, comentou, sobre a declaração, que esperava que fosse "mais retórica e menos decisiva".
É uma maneira delicada de dizer
que não vale o que está escrito, no caso o que está dito, quando sair de improviso da boca do presidente.
É perigoso esse descrédito da palavra presidencial, mas ele é o único
responsável.
@ - crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: TUDO POR UMA VAGA Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Os traseiros de cada um Índice
|