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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Abra o olho, Brasil!
O PETRÓLEO bateu a casa dos
US$ 120 por barril e tende a
subir mais. Os Estados Unidos começam a usar o milho para
produzir álcool e, com isso, pressionam os preços dos alimentos.
Na Europa, muitos países se lançam nas termoelétricas a carvão,
agravando a poluição mundial. Na
Argentina, os produtores agrícolas
fazem "lockout" porque não
agüentam a taxação do governo.
Está todo mundo assustado com a
disparada da inflação. É uma reviravolta no mundo. Tudo muda de
repente, quando a economia mundial parecia ir de vento em popa.
A maior das crises veio do setor
financeiro dos Estados Unidos, que
emprestou sem cuidados, o que já
ocorrera no Japão nos anos 80.
Mas, ao problema do "subprime",
associou-se a crise combinada do
petróleo e dos alimentos, sem falar
no caso da água, que escasseia a cada dia que passa.
O mundo está ficando com medo
do futuro. E as crises múltiplas
preocupam.
Mas não se pode jogar a toalha,
porque aí sim a situação fica irreversível. As crises vieram para ser
resolvidas. Isso vai exigir trabalho
e solidariedade.
O Brasil -com a ajuda de Deus-
está em condições bem melhores
do que a maioria das nações. Mais
cedo ou mais tarde, poderemos
consumir o petróleo das águas ultraprofundas. Para gerar energia
elétrica, podemos expandir o uso
das fontes hídricas. E, na produção
do álcool, podemos usar terras que
em nada comprometem a produção de alimentos.
Essas vantagens comparativas,
entretanto, não resolverão os problemas automaticamente. Temos
de trabalhar muito para fazer um
bom uso de tudo aquilo que temos
e que os outros não têm.
O Brasil que pode usufruir desses recursos ainda não existe. Nossa infra-estrutura terá de ser o triplo do que é hoje, em quase todas as
áreas, e os estímulos econômicos
terão de ser capazes de elevar a
nossa taxa de investimento para
30% do PIB.
Para que isso aconteça, muitas
providências precisam ser tomadas já, não podem ser postergadas.
Temos perdido muito tempo com
questões menores em detrimento
do que realmente conta. Vejo o
Congresso Nacional quase parado
ou discutindo assuntos de importância estritamente política.
Para o Brasil brilhar daqui a oito
ou dez anos, precisamos promover
as benditas reformas estruturais.
Só assim conseguiremos criar um
clima favorável de investimentos,
que, por sua vez, acordará o gigante
que dorme em berço esplêndido.
Está na hora de abandonar o varejo
eleitoral.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES 0 escreve aos
domingos nesta coluna.
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