São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Abra o olho, Brasil!

O PETRÓLEO bateu a casa dos US$ 120 por barril e tende a subir mais. Os Estados Unidos começam a usar o milho para produzir álcool e, com isso, pressionam os preços dos alimentos.
Na Europa, muitos países se lançam nas termoelétricas a carvão, agravando a poluição mundial. Na Argentina, os produtores agrícolas fazem "lockout" porque não agüentam a taxação do governo. Está todo mundo assustado com a disparada da inflação. É uma reviravolta no mundo. Tudo muda de repente, quando a economia mundial parecia ir de vento em popa.
A maior das crises veio do setor financeiro dos Estados Unidos, que emprestou sem cuidados, o que já ocorrera no Japão nos anos 80.
Mas, ao problema do "subprime", associou-se a crise combinada do petróleo e dos alimentos, sem falar no caso da água, que escasseia a cada dia que passa.
O mundo está ficando com medo do futuro. E as crises múltiplas preocupam. Mas não se pode jogar a toalha, porque aí sim a situação fica irreversível. As crises vieram para ser resolvidas. Isso vai exigir trabalho e solidariedade.
O Brasil -com a ajuda de Deus- está em condições bem melhores do que a maioria das nações. Mais cedo ou mais tarde, poderemos consumir o petróleo das águas ultraprofundas. Para gerar energia elétrica, podemos expandir o uso das fontes hídricas. E, na produção do álcool, podemos usar terras que em nada comprometem a produção de alimentos.
Essas vantagens comparativas, entretanto, não resolverão os problemas automaticamente. Temos de trabalhar muito para fazer um bom uso de tudo aquilo que temos e que os outros não têm.
O Brasil que pode usufruir desses recursos ainda não existe. Nossa infra-estrutura terá de ser o triplo do que é hoje, em quase todas as áreas, e os estímulos econômicos terão de ser capazes de elevar a nossa taxa de investimento para 30% do PIB.
Para que isso aconteça, muitas providências precisam ser tomadas já, não podem ser postergadas. Temos perdido muito tempo com questões menores em detrimento do que realmente conta. Vejo o Congresso Nacional quase parado ou discutindo assuntos de importância estritamente política.
Para o Brasil brilhar daqui a oito ou dez anos, precisamos promover as benditas reformas estruturais.
Só assim conseguiremos criar um clima favorável de investimentos, que, por sua vez, acordará o gigante que dorme em berço esplêndido. Está na hora de abandonar o varejo eleitoral.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


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