São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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EDITORIAIS

DEVASSA NAS CADEIAS

Foi bastante positiva a inédita operação conjunta entre a Secretaria da Segurança Pública e o Ministério Público do Estado de São Paulo contra o PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa surgida nos presídios paulistas.
De uma só vez, uma força constituída por mais de 1.500 agentes vasculhou penitenciárias, inutilizou centrais telefônicas clandestinas e prendeu suspeitos de participação em crimes atribuídos à facção. Vinte e cinco detentos identificados como líderes do PCC foram isolados e transferidos para um presídio no interior do Estado que conta com bloqueador de sinal de celulares.
Os resultados da operação foram bons porque ela foi muito bem organizada. Planejada com vários meses de antecedência, contou com trabalho extensivo de escuta telefônica autorizada pela Justiça, procurando identificar também pessoas que, em liberdade, davam suporte nas ruas à atuação criminosa do PCC.
O desejável é que o espírito que moveu essa operação se torne uma constante na atuação das forças de segurança do Estado. O que importa, nessa maneira de planejar e implementar a ação policial, é a identificação precisa do objetivo e a mobilização de todas as forças, dentro da máquina pública, necessárias para cumpri-lo, sejam elas municipais, estaduais ou federais.
A ação paulista ocorreu na mesma semana em que, no Rio de Janeiro, começou a funcionar uma força-tarefa -reunindo as polícias Federal, Civil e Militar- que pretende somar esforços no combate ao crime organizado naquele Estado. A experiência, se depender do Ministério da Justiça, deve se estender para Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
É um bom começo. A cultura departamental da burocracia pública é pouco eficaz para combater as formas mais sofisticadas de criminalidade. Com equipes multidisciplinares entrosadas e com foco na produção, no cruzamento e na análise de informações, haverá mais chances de o poder público equilibrar o jogo contra bandos organizados.


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