São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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EDITORIAIS

MELHORAR O ENSINO

A área da educação costuma ser citada como uma das que registraram avanços significativos durante os dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Os dados do Censo Escolar de 2001, divulgados na semana passada, confirmam a tendência, mas também mostram que há muito a ser feito.
As estatísticas sobre a escolaridade dos professores são particularmente reveladoras do quadro educacional. Embora apontem melhoras substanciais nos sete anos da administração tucana, os números revelam o grau de indigência a que estão submetidos muitos alunos, sobretudo os residentes nos rincões mais pobres.
O Censo Escolar indica que apenas 27% dos professores dos primeiros quatro anos do ensino fundamental completaram o ensino superior. Por qualquer parâmetro, a porcentagem seria baixa, embora não se deva deixar de registrar a alta em relação aos 20% de 1996 e aos 24% de 2000.
A mesma situação pode ser observada na outra ponta do espectro da escolaridade dos docentes. O número de professores com o curso fundamental incompleto vem caindo, mas ainda é desconfortavelmente elevado para um governo que diz considerar prioritária a educação. Ainda há cerca de 12 mil professores que nem sequer chegaram à 8ª série.
As estatísticas têm a limitação de não servirem para avaliar a qualidade do ensino. Não é difícil concluir, porém, que ela está muito aquém do desejável. O que pode ensinar alguém com pouca escolaridade?
O fato é que o setor carece de investimentos. O economista Ricardo Paes de Barros, diretor de Estudos Sociais do Ipea -instituto ligado ao Ministério do Planejamento- tem uma proposta: que os investimentos em educação passem de R$ 40 bilhões para R$ 70 bilhões por ano. A sugestão está citada no livro "A Era FHC - Um Balanço" (Cultura Editores Associados).
O desafio de universalizar a educação foi, em parte, vencido. Falta agora melhorar a qualidade do ensino.


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