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EDITORIAIS
MELHORAR O ENSINO
A área da educação costuma
ser citada como uma das que
registraram avanços significativos
durante os dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os dados do Censo Escolar de 2001,
divulgados na semana passada, confirmam a tendência, mas também
mostram que há muito a ser feito.
As estatísticas sobre a escolaridade
dos professores são particularmente
reveladoras do quadro educacional.
Embora apontem melhoras substanciais nos sete anos da administração
tucana, os números revelam o grau
de indigência a que estão submetidos muitos alunos, sobretudo os residentes nos rincões mais pobres.
O Censo Escolar indica que apenas
27% dos professores dos primeiros
quatro anos do ensino fundamental
completaram o ensino superior. Por
qualquer parâmetro, a porcentagem
seria baixa, embora não se deva deixar de registrar a alta em relação aos
20% de 1996 e aos 24% de 2000.
A mesma situação pode ser observada na outra ponta do espectro da
escolaridade dos docentes. O número de professores com o curso fundamental incompleto vem caindo, mas
ainda é desconfortavelmente elevado
para um governo que diz considerar
prioritária a educação. Ainda há cerca de 12 mil professores que nem sequer chegaram à 8ª série.
As estatísticas têm a limitação de
não servirem para avaliar a qualidade
do ensino. Não é difícil concluir, porém, que ela está muito aquém do
desejável. O que pode ensinar alguém com pouca escolaridade?
O fato é que o setor carece de investimentos. O economista Ricardo
Paes de Barros, diretor de Estudos
Sociais do Ipea -instituto ligado ao
Ministério do Planejamento- tem
uma proposta: que os investimentos
em educação passem de R$ 40 bilhões para R$ 70 bilhões por ano. A
sugestão está citada no livro "A Era
FHC - Um Balanço" (Cultura Editores Associados).
O desafio de universalizar a educação foi, em parte, vencido. Falta agora melhorar a qualidade do ensino.
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