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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Investimentos saudáveis
A INFLAÇÃO controlada, a euforia da Bolsa de Valores e a
perspectiva de o Brasil chegar ao grau de investimento geraram um clima favorável no campo
econômico.
Entretanto, quando se projeta
essa situação para o longo prazo, o
quadro é preocupante. Afinal, um
bom ambiente para os investimentos e a melhoria das condições de
vida para a população dependem
de esforços continuados e que vão
além dos ganhos instantâneos. Numa palavra, uma vida melhor para
todos os brasileiros depende do
fortalecimento dos chamados fundamentos da economia e um deles
diz respeito à saúde financeira das
contas do governo.
O olhar de longo prazo nesse
campo gera apreensão. A revista
"Indústria Brasileira" de abril de
2007 incluiu um estudo realizado
por Raul Velloso que focaliza o gasto público. O seu título já diz tudo:
"Crescimento do PIB ou crescimento do gasto público: o dilema
da economia brasileira".
As contas públicas continuam
desequilibradas. Pequenas melhorias aqui e ali têm sido conseguidas
com o aumento das receitas, e não
com a redução das despesas. Pior.
Ao lado do aumento dos tributos,
tem havido uma constante elevação dos gastos do governo. Não é à
toa que o Brasil é o campeão de impostos entre os países em desenvolvimento.
Uma elevação do gasto público
seria aceitável se isso desaguasse
em investimentos saudáveis em infra-estrutura, educação, saúde, segurança pública e outros. Mas dá-se o inverso. Os investimentos nessas áreas minguaram, enquanto as
despesas gerais do governo aumentaram substancialmente, em
especial as da Previdência Social e
da folha de pagamentos dos servidores públicos.
Quando se projeta esse quadro
para os próximos anos, o que se vê
pela frente são riscos de uma grave
crise fiscal, o que comprometerá a
capacidade de gerar superávits primários e aumentará a dívida pública, com conseqüências graves e conhecidas.
O estudo em tela mostra que as
despesas correntes da União subiram de 14,3% do PIB em 1996 para
19,5% em 2006, devendo continuar
crescendo a cada ano, para atingir
22,3% em 2014. A solução evidente, conclui o estudo, é fazer cortes
de dispêndios, o que não está no
horizonte visível. Isso é agravado
por uma espécie de indexação dos
dispêndios governamentais decorrente, de um lado, dos aumentos
elevados concedidos aos servidores públicos e aposentados e, de
outro, de um quadro legal que engessa a possibilidade de cortes futuros. Ou seja, o que entra fica.
Focalizarei no próximo artigo, os impactos dos gastos com o funcionalismo.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
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