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PLÍNIO FRAGA
Nem aí
RIO DE JANEIRO - Com uma festa rave na zona sul do Rio, Antonio
Francisco Bonfim Lopes comemorou seus 33 anos em celebração durante todo o final de semana. Esta
seria uma nota social, se não tratasse do aniversário de Nem, acusado
de comandar o tráfico na Rocinha,
uma das maiores favelas do país.
A rave foi acompanhada pelos
serviços de inteligência da polícia
do Rio e, por meios indiretos, tornou-se tema de um embate político
entre a equipe do governador Sérgio Cabral (PMDB) e aliados do ex-governador Anthony Garotinho,
ainda peemedebista, mas que deve
sair da legenda para tentar voltar ao
cargo em 2010, talvez pelo PR.
Em seu blog, Garotinho postou
que o secretário de Segurança, José
Mariano Beltrame, não autorizou a
realização de uma operação que levasse à captura de Nem durante sua
festa de aniversário. Seria sinal do
imobilismo dos atuais gestores.
A cúpula da segurança argumenta que uma festa que reúne milhares de pessoas não é cenário para
operação policial, mesmo que na
busca de um traficante como Nem,
cinco mandados de prisão contra si.
Na eleição municipal passada, a
Justiça investigou denúncias de
coação de eleitores da Rocinha,
obrigados a votar em candidato
apoiado pela facção criminosa local.
A apropriação de setores do Estado
pelo tráfico-antes vista como uma
ameaça distante- teve ali suspeitas
do início de materialização.
Depois de Dona Marta (zona sul)
e Cidade de Deus (zona oeste), Beltrame instalará neste mês no Chapéu Mangueira (zona sul) o terceiro
batalhão comunitário em uma favela livre de facções criminosas. Em
muitos anos, o Rio não teve política
de segurança alguma. Beltrame tem
a sua -pode ser que o tempo mostre que seja errada. Mas transformar uma questão técnica em eleitoral só pode ser uma opção de quem
não está nem aí...
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