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TURBULÊNCIA RENITENTE
O Banco Central julga a instabilidade recente do mercado
financeiro temporária e apenas
aguarda uma normalização para reduzir a taxa de juros básica. É o que
afirma a ata, divulgada ontem, da
reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC)
realizada na semana passada, na
qual se decidiu autorizar o presidente
do BC a reduzir a taxa de juros a qualquer momento, antes mesmo da reunião de 17 de julho.
Mas o que se viu, ontem, foi mais
uma rodada de forte instabilidade
nos mercados, com alta do risco-país e do dólar. A causa, desta vez,
parece ter sido sobretudo externa ao
Brasil: a revelação de que funcionários da WorldCom, gigantesca empresa de telecomunicações que controla a Embratel, cometeram uma
fraude contábil no valor de US$ 3,8
bilhões, o que inflou artificialmente
os resultados da empresa.
Além de reforçar a impressão de
que a WorldCom está perto de entrar
em concordata -impressão também reforçada pelo anúncio, simultâneo, de que 17 mil funcionários serão demitidos-, o escândalo reavivou os temores suscitados pelo caso
Enron. A credibilidade das demonstrações financeiras das grandes corporações sofreu novo abalo.
Esse desgaste de credibilidade se
soma à redução da confiança dos
consumidores dos EUA, que aprofundou as dúvidas quanto à força da
retomada da economia norte-americana e às perspectivas dos lucros das
corporações. Se os lucros caírem, as
ações das empresas poderão cair.
Tudo isso tende a reforçar a aversão
ao risco dos investidores internacionais. Isso significa que eles tenderão
a priorizar aplicações consideradas
mais seguras, o que agrava as dificuldades de países emergentes -considerados de maior risco- que precisam atrair muitos dólares para fechar suas contas externas.
É o caso, como se sabe, do Brasil.
Enquanto perdurar tão elevada a vulnerabilidade das contas externas, a
normalização esperada pelo BC não
dependerá, nem de longe, apenas do
que ocorre no Brasil.
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