São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Meios e fins
"Concordo, em parte, com o sr. Elio Gaspari ("O grampo da DPF foi uma armação anti-PT", Brasil, pág. A6, 26/6). Os fins não justificam os meios. No entanto não se pode esquecer que esses "meios" irregulares do Ministério Público de São Paulo, via Departamento de Polícia Federal, tiveram como "fins" a descoberta de um claro liame de corrupção e a evidência de sua ligação com o assassinato do prefeito Celso Daniel, fatos que o PT procura acobertar a qualquer custo."
Sergio Terenna (São Paulo, SP)

Justiça do Trabalho
"Congratulo a Folha pela veiculação do artigo "Acesso à Justiça do Trabalho" ("Tendências/Debates", pág. A3, 26/6). Como bem enfatiza o autor, a criação de novas Varas do Trabalho será facilmente paga por meio dos órgãos já existentes -e que tanto arrecadam à União. É bom não esquecer que o Judiciário e a distribuição de justiça são funções essenciais do Estado, ou melhor, num país tão repleto de desigualdades, onde o trabalho muitas vezes não é considerado um valor fundamental, a Justiça -em particular a trabalhista- tem uma função social. Daí ser mais do que necessária a criação de novos órgãos."
José Augusto Figueiredo Affonso, juiz do TRT da 8ª Região (Belém, PA)

Telefônicas
"Em relação à reportagem "Teles não cumprem metas, e Anatel não multa" (Dinheiro, pág. B6, 24/6), gostaríamos de reiterar algumas informações transmitidas ao repórter Laszló Varga que não mereceram destaque em seu texto. As metas de qualidade estabelecidas pela Anatel para as operadoras privatizadas são mais rigorosas do que as vigentes para o antigo Sistema Telebrás e ultrapassam indicadores adotados internacionalmente. No momento da privatização, as operadoras não atendiam a esses parâmetros. Por isso uma malha de indicadores foi definida como instrumento para gerenciar uma obrigatória evolução positiva. Era perfeitamente esperado que essa evolução se desse de forma gradual. O período de forte intervenção no sistema para modernizar e para ampliar redes, levando-as ao atendimento total da demanda, se feito com eficiência, conduziria aos índices de qualidade projetados pela Anatel. Nesse processo, a Telefônica demonstrou eficiência. Foi a primeira operadora a atingir as metas de universalização (em setembro de 2001), antecipando-as em mais de dois anos. Desde dezembro de 2001, a Telefônica vem cumprindo consistentemente a totalidade das metas de qualidade estipuladas pela Anatel, sendo a única entre as grandes operadoras nacionais a atingir essa marca. O estudo realizado pela consultoria Brisa, que desconhecemos por completo, apenas coleta dados disponíveis a quem quiser procurá-los no site da Anatel e elabora conclusões superficiais e genéricas."
Junia Nogueira de Sá, diretora de Comunicação Corporativa do Grupo Telefônica do Brasil (São Paulo, SP)

Participação
"Logo após o jogo Brasil x Turquia, eu andava pelas ruas de Campinas e vi duas faixas divulgando reuniões temáticas do Orçamento Participativo, que testemunhavam, solitárias, o esforço da prefeitura em divulgar essa política pública que, poucos admitem, é revolucionária. Subitamente, veio à minha mente a pergunta: por que a grande mídia impressa e falada não divulga amplamente essas reuniões? Não seria um serviço de utilidade pública? Essas reuniões não têm a mesma importância das vacinações e de outras políticas públicas?"
Daniel Leal Macedo (Campinas, SP)

Na final
"Depois de um jogo dramático, a seleção brasileira de futebol está na final da Copa 2002. O problema é que sabemos que, nesta final, teremos adversários ainda mais temíveis do que a seleção alemã -entre eles estão o Felipão e o Galvão. Se Felipão não atrapalhasse tanto, a seleção seria campeã com grande folga. Mas ele continua teimando em colocar cinco jogadores na defesa e três no ataque (achando que está sendo ofensivo!) e em deixar todo o meio-de-campo à disposição dos adversários. É lamentável vermos jogadores tão bons como os brasileiros sendo dominados por seleções como a da Bélgica e a da Turquia. Tão ruim quanto ele, só o Galvão Bueno. Se o monopólio da Globo já é ruim, o do Galvão é ainda pior. Eles deveriam promover um "Se liga, Brasil" com a seguinte pergunta: "Galvão Bueno deve ser o narrador da final da Copa? Sim ou Não?". Como narrador, ele é um ótimo torcedor."
Fábio Amorim (Campinas, SP)

"Seja qual for o resultado da final entre Brasil e Alemanha, é possível dizer que já somos vitoriosos. Nosso futebol chegou à Copa desacreditado devido a um longo período de resultados adversos, ao rebaixamento no ranking da Fifa e a uma apatia que se estabeleceu desde a dolorosa final no Mundial da França, em 1998. Agora, estamos na final -e invictos. Felipão, perdoe-nos! Nós, os que nos entregamos às críticas fáceis e que não valorizamos o competentíssimo trabalho que você vinha fazendo. Isso se estende a toda a grande seleção brasileira."
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

Plataformas petrolíferas
"No caderno Dinheiro (pág. B8, 26/6), foi trazida a público a megalicitação de US$ 4 bilhões para a construção de duas plataformas para a bacia de Campos (P-51 e P-52) e para a aquisição de equipamentos. Para nossa triste surpresa, ficamos sabendo que as plataformas não poderão ser fabricadas no Brasil, porque a empresa de engenharia contratada, a norueguesa Aker, não levou em conta as condições de infra-estrutura dos estaleiros brasileiros. Coisinha à-toa, afinal de contas, para que serviriam ao país investimentos de US$ 4 bilhões? De que serviriam alguns milhares de emprego em estaleiros por dois ou três anos? Infelizmente, a nossa Petrobras parece estar completamente internacionalizada, o que até não seria um problema. O problema é que ela está cada vez mais desnacionalizada! Essa história de querer jogar a culpa na empresa norueguesa tem pelo menos duas agravantes: 1) Se os diretores da Petrobras não sabem, informo que os noruegueses não são brasileiros; 2) Quando se contrata um projeto de engenharia, é quem contrata que especifica o que quer. E quem projeta projeta o que foi especificado."
Helio Luiz Seidel, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e de Santa Catarina (Curitiba, PR)

Direitos básicos
"Que democracia é essa em que o povo é descaradamente aviltado em seus direitos básicos de cidadania? Só se fala em risco-país, em mercado nervoso, em diminuição de investimentos externos e em que, dependendo da escolha do futuro presidente, a fúria do mercado poderá abater-se sobre nós e estaremos fadados a queimar no "mármore do inferno" caso não sigamos os mandamentos do FMI. Na realidade, vivemos numa ditadura de governantes fantoches e neobobos. Quando é que deixaremos de ser público e meros espectadores para nos tornarmos um povo? Viva a liberdade, viva a democracia!"
Carmen Sueli Geanezini (Santos, SP)



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