São Paulo, domingo, 27 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Esquerdinha e direitona
"A esquerda progressiva conseguiu barrar o valor de duzentos e setentinha e cinco reais proposto pela direita reacionária, conseguindo, assim, duzentos e sessentão reais para o salário mínimo. O temperamental senhor todo-poderoso, o "mercado", reagiu bem: o dólar caiu e os investidores ficaram contentes, assim como os patrões de maneira geral. Já os trabalhadores, aposentados e pensionistas nada mais são do que meras variáveis de uma equação financeira qualquer, frios números de uma estatística insensível. Com uma esquerdinha dessas, quem precisa de uma direitona?"
Milton Krieger (Piracicaba, SP)

Quem matou Lineu?
"Aproveitando que o assunto do momento é "quem matou Lineu?", poderíamos, o Brasil inteiro, aproveitar e ser solidários com nossa juventude, perguntando "quem mata nossos jovens?", já que, entre 67 países analisados pela Unesco, o Brasil é o quinto país em homicídios de jovens (Primeira Página). Seríamos solidários ao mesmo tempo com os pobres e os negros, pois as maiores vítimas da violência são jovens entre 15 e 24 anos, negros e pobres. A pergunta, nesse caso, cai bem, já que cerca de 70% dos casos de homicídio na periferia da cidade de São Paulo não são esclarecidos."
Luiz Carlos dos Santos, coordenador do movimento Atitude Pela Paz (São Paulo, SP)

Popularidade
"O ministro José Dirceu não está mentindo quando diz que a popularidade de Lula está aumentando. Ele apenas se esqueceu de dizer que a pesquisa em que Lula está com a popularidade cada vez maior foi feita na Febraban. Os banqueiros, esses eternos revolucionários, estão adorando a política monetária do presidente que veio para mudar o país."
Alexandre Marcos Pereira (São Paulo, SP)

Educação
"A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo omitiu números negativos do ensino, mascarando os dados do sistema de avaliação ("Tucanos omitem dados negativos do ensino", Cotidiano, 24 de junho). Mais uma vez, o secretário Gabriel Chalita diz uma coisa e faz outra. Escreve best-sellers sobre ética e maquia dados de pesquisa. Escreve sobre educação e afeto, mas não cuida dos adolescentes da Febem. Infelizmente, a política educacional do Estado não prioriza a qualidade do ensino como deveria."
Lygia Vampré Humberg, psicanalista, e Renato Khair, procurador do Estado (São Paulo, SP)

Energia
"São boas as iniciativas de empresas como a Eletrobrás de investir em energias alternativas ("Estatal quer usar energias alternativas", Dinheiro, 25/6). O Brasil é privilegiado em fontes energéticas, mas investe ainda pouco na biomassa, que poderia vir a ocupar lugar de destaque na economia nacional. Isso repercutiria também nos importantes fóruns mundiais, pois mostraria que lidamos seriamente com nosso desenvolvimento, especialmente com a preservação ambiental. Ao contrário do que se possa pensar, queimar biomassa (especialmente resíduos agrícolas) em condições fechadas para obter energia é bem menos poluidor do que queimar gás natural."
Adilson Roberto Gonçalves, professor universitário (Lorena, SP)

Ministério Público
"Tenho acompanhado atentamente o debate travado nos meios de comunicação a respeito dos pretensos poderes investigatórios do Ministério Público. Em recente entrevista, o doutor Luiz Francisco, procurador da República, disse que eles, os procuradores, possuem a mesma formação acadêmica dos delegados de polícia e, portanto, estão perfeitamente aptos a investigar. Outros ilustres procuradores e promotores têm dito alhures que nenhuma instituição pode ter o monopólio da investigação, ainda mais quando se sabe que a polícia é passível de pressões políticas. Muito bem, baseado nesse raciocínio, por que não poderiam então os delegados de polícia ajuizar a ação penal? Afinal de contas, seria mais um órgão com legitimidade processual a atuar em favor da coletividade, pois, como disse o citado procurador, os profissionais de uma e de outra carreira têm a mesma formação acadêmica. No tocante à suscetibilidade a pressões políticas, gostaria de lembrar aos leitores a figura de um procurador-geral da República que se notabilizou pela alcunha de "engavetador-geral da República". Espero que a mídia passe a tratar a questão com mais imparcialidade."
Marcos Sagin Campos (São Manuel, SP)

Prefeitura
"Talvez no próximo programa gratuito no rádio e na TV a prefeita Marta Suplicy possa explicar de maneira convincente aos eleitores e às populações menos favorecidas por que remanejou R$ 32 milhões de obras dos corredores de ônibus na periferia da zona sul, tão urgentes e necessários, para projetos da Operação Urbana Faria Lima, na zona oeste."
David Neto (São Paulo, SP)

Segurança
"Em referência à reportagem "Juiz manda banco contratar guardas contra o MST" (Primeira Página, 25/6), creio que a decisão do juiz tenha sido democrática e justa, pois o que está em jogo são os interesses da iniciativa privada -e ela deve ser responsável pela proteção do que é seu (dentro da legalidade). Como disse Karl Marx, "a policia é o destacamento de homens armados para proteger os interesses da burguesia". Invertamos isso! O Estado "cuida" do povo, e não da iniciativa privada."
Tarcisio Jesus dos Santos (São Paulo, SP)

Butantan
"O Instituto Butantan, da Secretaria de Estado da Saúde, esclarece que a carta "Pesquisa" ("Painel do Leitor", 23/6), do pesquisador científico Marcelo De Franco, na qual ele reivindica melhores salários e atribui aos baixos salários uma evasão de pesquisadores, não corresponde à situação vivenciada pela instituição. Atualmente, o salário médio de pesquisador é de R$ 2.900, o que, somado ao prêmio incentivo e às gratificações, totaliza remuneração média de R$ 3.600 -e pode chegar, em alguns casos, a R$ 5.000. Isso sem contar as bolsas fornecidas pelas agências de fomento à pesquisa. Em 2003, a Divisão de Desenvolvimento Científico do Butantan treinou 335 estagiários em diversos níveis, desde a iniciação científica até o pós-doutorado. Desse total, 213 estagiários ganharam bolsa de estudos das diferentes agências de fomento à pesquisa. No biênio 2001/ 2002, foram produzidas nove teses de mestrado e sete de doutorado e publicados 71 artigos em revistas indexadas."
Vanderlei França, assessor de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde (São Paulo, SP)


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