São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2004 |
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ELIANE CANTANHÊDE O "denuncismo" responsável
BRASÍLIA - Faz pouco, em 13 de julho, o presidente Lula usou o discurso
na posse do novo diretor-geral da
Abin (a agência de inteligência do
governo), Mauro Marcelo, para denunciar o "denuncismo".
Nas palavras de Lula: "No Brasil,
muitas vezes, nós assistimos personalidades políticas, intelectuais, empresariais, sindicais, mesmo no meio de
vocês [da Abin] ou na Polícia Federal
ou na Receita, figuras que são difamadas pela imprensa com informações precipitadas, com o nome achincalhado pelos quatro cantos do país.
Depois, não se prova nada".
O presidente tem razão. Mas... o
"denuncismo" que ele denuncia teve
não só um dedo, mas a mão, o braço,
o corpo e a alma do PT. Se alguém teve o nome "achincalhado pelos quatro cantos do país" deve culpar, entre
outros, o parlamentar e o militante
petista que atua na burocracia estatal -que, aliás, está mais forte do
que nunca, mas não anda achincalhando ninguém ultimamente.
Erros houve? Houve. Excessos?
Muitos. Vítimas de denúncias infundadas? Algumas.
Todos, PT à frente, deveríamos pedir desculpas aos que foram achincalhados indevidamente. Mas todos,
mais uma vez PT à frente, também
devemos continuar a querer tudo
muito transparente. Os governos reclamam, mas deveriam ser os primeiros a agradecer. Além de participar.
O saldo de perdas e ganhos é positivo para o país. Foi assim que PC Farias veio à tona, que o processo do
juiz Lalau foi adiante, que Jader Barbalho teve de prestar contas.
Foi assim, também, que a opinião
pública soube e o próprio governo teve detalhes da desenvoltura com que
a estrangeira Kroll vinha espionando
gregos, troianos, italianos e até personagens que viraram ministros e presidentes de bancos públicos.
Se o governo não fez nada antes, é
porque não sabia ou porque não queria saber... Agora sabe. E alguma coisa vai ter de fazer. |
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