São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

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Prêmio ao bom professor

QUE NÃO ARREFEÇA a disposição da nova secretária estadual de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, de pagar mais a professores que tenham melhor desempenho. As resistências a essa proposta, anunciada em entrevista à Folha, tendem a ser muito grandes, em especial da parte dos sindicatos.
A nova secretária pretende usar testes como Saeb, Prova Brasil e Saresp para identificar os docentes que ensinam mais a suas turmas e oferecer-lhes rendimentos diferenciados. A questão é menos trivial que parece.
Existem objeções ponderáveis ao projeto, como o argumento de que até os melhores professores teriam dificuldades para levar alunos com deficiências acumuladas a sair-se bem nas provas. Há, porém, métodos estatísticos que permitem definir o nível de aprendizado esperado para cada turma. Docentes capazes de fazer os alunos superarem esse limiar teriam direito ao bônus.
O sistema em vigor no Estado já premia os professores mais assíduos, mas é preciso avançar mais e considerar também a eficiência. O igualitarismo pretendido por sindicatos é um convite à acomodação. Ao nivelar todos os docentes, dos mais ativos àqueles que pouco ou nada contribuem para o aprendizado de seus alunos, ele empurra o conjunto para a mediocridade.
Inovações como a sugerida por Maria Helena Castro tendem naturalmente a ser recebidas com desconfiança pelo establishment. Quando trazem a possibilidade de rompimento do "statu quo", a reação tende a ser mais violenta. É preciso, porém, insistir nesse caminho sem nutrir falsas esperanças. Estimular o bom desempenho é um passo fundamental, mas não será, por si só, capaz de alterar a triste situação do ensino público.


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