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CLÓVIS ROSSI
A nudez do rei e as "sujeiras"
SÃO PAULO - Por fim, o próprio
governo começa a admitir sua nudez, ainda que parcial. O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva atribui a
crise aérea à falta de "comando" no
setor, o que o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, reiteraria.
Desnecessário dizer que é uma
auto-inculpação. Todo mundo sabe
que o comandante supremo, nessa
como nas demais áreas do Executivo, é o presidente da República, até
pelo fato de que é ele quem nomeia
e demite os ministros e os chefes
das três forças.
Portanto, se a culpa pela crise aérea é da falta de comando, quem é o
culpado? Só os debilóides do lulo-petismo não sabem.
Quem também expôs claramente
a nudez do governo foi José Carlos
Pereira, presidente da Infraero, até
a hora em que escrevo.
Disse, com todas as letras: "Tinha
como um dos meus projetos dar
uma limpeza na empresa, mas não
consegui nada disso. Basicamente
por muita pressão política".
Tem-se, então, que a Infraero era
e continua sendo uma empresa "suja", palavra de quem a preside. E
que é suja por conta da "pressão política", que só pode ser exercida pelos políticos ligados ao governo.
A oposição pode até ter "sujado" a
Infraero, quando era governo, mas
José Carlos Pereira não está se referindo ao passado da empresa, e sim
ao seu presente.
Parte da sujeira, aliás, já havia sido exposta pelo Tribunal de Contas
da União, que, ao analisar meros
20% da obra de Congonhas, achou
12 irregularidades, como superfaturamento de quase R$ 13 milhões.
Por isso, é tão importante para o
governismo que a culpa do acidente
da TAM seja do avião ou do piloto.
Se for da pista, será inescapável
concluir que se fez mais uma "sujeira", durante o que deveria ser a mãe
de todas as reformas.
O diabo é que as sujeiras anteriores não deixaram mortos.
crossi@uol.com.br
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