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NELSON MOTTA
Comendas, charutos e confrarias
RIO DE JANEIRO - Com sua experiência na venda de passagens e
em turismo, o comendador Zuanazzi, comandante da Anac, se acha
plenamente apto a exercer um cargo técnico que exige alta competência e responsabilidade, vital para a
economia e a segurança do país:
"Afinal, é o turismo que enche os
aviões", gracejou. Mas nem isso é
verdade, o transporte de carga e as
viagens de negócios também enchem os cofres das companhias. E
dos governos.
Qual seria a sua qualificação para
o cargo, além da fidelidade partidária e do apadrinhamento de uma
ministra poderosa? Até no Brasil,
há um mínimo de exigência. Mas
um máximo de complacência.
O Senado, inclusive a oposição,
após sabatinar, com o rigor de sempre, o indicado por Lula, aprovou-o
sem restrições. Deu-lhe um mandato de cinco anos e poderes e imunidades de que nem os senadores, o
presidente ou a ministra que o apadrinhou desfrutam. Agora fingem
espanto e indignação, enquanto
conspiram para absolver Renan Calheiros, que agradece a mudança de
foco da mídia nazista e fascista.
Todos os senadores que aprovaram o comendador Zuanazzi, Denise Charuto, Lomantinho e os outros diretores da Anac são tão responsáveis quanto quem os indicou,
por avalizarem o aparelhamento
partidário em agência de tal importância. Claro, porque eles também
têm seus apadrinhados igualmente
inaptos indicados a cargos igualmente importantes para o país, são
confrades na politicagem irresponsável.
É assustador imaginar o tamanho
do prejuízo -em reais, além de vidas sem preço- provocado pelas
trapalhadas e tragédias em que a
Anac, a Infraero e o Ministério da
Defesa dividem a responsabilidade
com as companhias aéreas. E com
os eleitores dos senadores que
aprovaram os responsáveis por essa
desastrosa farsa.
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